Agora

Ufa! Que baile com a Celeste

A bela goleada brasileira, enfim, permitiu sonhar com mais futebol de qualidade

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Que a seleção brasileira é competitiv­a, pelo menos no seu quadrado na América do Sul, a campanha nas Eliminatór­ias já provava.

Só que era pouco e causava mais irritação, quando não sonolência, que felicidade.

E futebol sem alegria, rara leitora e raro leitor, é como dançar com o irmão, ou com a irmã.

Por mais que dançar seja, enfim, dançar, falta um algo mais, quando com o irmão ou com a irmã —e não é preciso explicar o quê.

Contra a Venezuela, o time nacional dançou com a irmã. E dançou mal, muito mal. Contra a Colômbia, também.

Já contra o Uruguai, a seleção não dançou com o irmão.

Mesmo na sauna manauara bailou do começo ao fim da festa na Arena da Amazônia.

O 4 a 1, que bem poderia ter sido 8 a 1 não fosse o goleiro Muslera, foi resultado de atuação exuberante de Neymar e do feitiço do novo bailarino Raphinha, sem medo de ser feliz, de ir para dentro do salão e dançar conforme a música.

O que parece ter motivado o maestro Neymar a tentar, e conseguir magistralm­ente, passos e passes arriscados, ao fazer a bola rolar agradecida.

Para não deixar a temperatur­a baixar, se é que alguém é capaz disso em Manaus, Tite fez bem em tirar Antony do sofá e convidá-lo para o minueto final.

O ex-são-paulino fez pela esquerda o que Raphinha fazia pela direita e por pouco a Celeste não pediu água, porque quando os garotos não infernizav­am no ataque, apareciam na defesa como se algum malandro estivesse a importunar o bom andamento da exibição.

Quem for previdente dirá ser cedo para soltar rojões, no que terá razão, embora hora de criticar seja hora de criticar na mesmíssima medida em que hora de elogiar é hora de elogiar.

Neymar, por exemplo.

Por menos que alguns entendam, ninguém duvida do talento excepciona­l do craque do PSG —e ele o exibiu alegrement­e na goleada.

Nem se exige que jogo após jogo ele mantenha tão elevado o nível de seu futebol. Pede-se apenas que se concentre em fazer o que sabe, com maturidade, meio caminho andado para recuperar o prestígio perdido às margens do rio Sena.

Porque se aqui se temia mais um jogo com cara de Dormonid, falar mal da partida diante do Uruguai exigirá que se recomende Epocler ao responsáve­l, para o fígado —e Neymar teve enorme participaç­ão nisso.

Da maneira como se deu, a 12ª jornada sem derrota para os vizinhos deve sim ser comemorada para estimular que venha a ser adotada como padrão, porque sí, se puede.

Domingo de galo

O domingo (17) deveria ser do clássico Palmeiras x Inter, mas não será, por mais que esteja em jogo a crise do alviverde decadente e a ambição colorada por vaga direta na Libertador­es. O domingo será antes de mais nada dos Atléticos, o Goianiense que recebe o Mineiro, às 18h15.

Jamais o time do Brasil Central teve tanta torcida como terá nesta noite, com toda Nação rubro-negra carioca a apoiar o rubro-negro goiano.

Será o exercício de secar antes para derrotar o Cuiabá depois, às 20h30, no Maracanã.

O mais provável é a manutenção dos 11 pontos que separam o líder do vice-líder, com dois jogos a menos, do Campeonato Brasileiro. Mas é óbvio que o torcedor do Flamengo tem mais motivos para acreditar num tropeço do Galo que o inverso.

Tropicar em Goiânia é possibilid­ade bem maior do que uma zebra cuiabana no Rio de Janeiro.

Ao que o torcedor do líder dirá: “Eu acredito!”.

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