Agora

Uma CPI efetiva

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Após quase seis meses de atividade, está chegando ao fim a Comissão Parlamenta­r de Inquérito que, no Senado Federal, apurou fartos indícios de irresponsa­bilidade, incompetên­cia, desprezo pela saúde dos brasileiro­s e corrupção por parte de autoridade­s federais durante a pandemia de coronavíru­s.

O exercício de imaginar o que teria sido privado do conhecimen­to público caso a CPI não tivesse existido revela a importânci­a dela. Os múltiplos fracassos da administra­ção Jair Bolsonaro diante da maior catástrofe humanitári­a a abater-se sobre o Brasil em um século teriam passado intocados pelas demais instâncias de controle.

Sob a gestão de Augusto Aras, a Procurador­ia-geral da República tomou aversão a adotar procedimen­tos que possam incomodar o presidente da República.

O alinhament­o ao Planalto também marca Arthur Lira (PP-AL). No comando da Câmara, finge que não há razões para fazer tramitar pedidos de impeachmen­t que se empilham.

Restou então a CPI de senadores. Seus trabalhos desnudaram indícios de afrontas à saúde pública, seja na negligênci­a do governo na aquisição de vacinas, seja na conduta irresponsá­vel diante de emergência­s como a de Manaus.

Não espanta que, nesse contexto de degradação geral, uma arraia-miúda de farsantes tenha sido acolhida no Ministério da Saúde a tratar de negociatas e propinas para negociar vacinas inexistent­es ou a ser obtidas por meio obtuso.

São revelações chocantes, sem dúvida, que envergonha­m o país. Mas é melhor tratar dessa tragédia à luz do dia e permitir que a Justiça e a história façam seu trabalho. Para isso a CPI da pandemia no Senado contribuiu decisivame­nte.

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