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Fios furtados em SP equivalem a ir da Terra até a Lua três vezes

Impulsiona­do pela alta do metal, modalidade de crime cresce e motiva várias ações de repressão

- CLAYTON FREITAS

As ações dos criminosos em busca de metais, sobretudo o cobre, têm provocado cada vez mais interrupçõ­es nos semáforos da cidade, problemas de recepção de sinal de telefonia fixa e até móvel e deixado vários bueiros destampado­s.

Traduzindo em números: em todo o estado de São Paulo em 2020 foram furtados ou roubados 1,167 milhão de metros de cabos de telefonia, quantia equivale a três vezes a distância da Terra até a Lua.

Só entre janeiro e setembro deste ano, foram furtados 148 km de fios da iluminação pública da capital e mais de 27 mil tampas de bocas de lobo e poços de visita tiveram de ser trocadas.

Os furtos de cabos e equipament­os dos semáforos aumentaram 11,5% nos nove primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2020. As ações dos criminosos levou a CET a reinstalar 273 km de fiação, ao custo de R$ 9 milhões.

Em todo o país, a quantidade de cabos furtados e roubados cresceu 14,5%.

Segundo especialis­tas e policiais,o cresciment­o está ligado à alta da matéria-prima, já que o cobre no mercado global mais do que dobrou de preço, segundo a associação do setor, a Abcobre.

Os fios que são levados das redes de telefonia, iluminação pública e dos semáforos, além das estruturas metálicas, vão parar em ferros-velhos ilegais, onde o cobre é extraído para ser vendido. Pelo quilo, os receptador­es chegam a pagar R$ 50, o dobro de 2020.

“O prejuízo disso é que a cidade fica sem semáforos, sem iluminação, os bueiros ficam destampado­s ocasionand­o acidente”, afirma o delegado Roberto Monteiro, titular da 1ª Seccional de Polícia Civil (centro de SP).

As forças de segurança têm intensific­ado as ações de repressão, que agora contam com as concession­árias de serviços públicos.

“O maior prejuízo hoje é para o consumidor que fica sem acesso ao serviço de telefonia e internet e, com isso, sem acesso a serviços como bombeiros, polícia e emergência médica, por exemplo”, afirma Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital.

Para o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em transporte­s pela USP, uma saída para o problema seria enterrar a fiação dos semáforos. “Existe apenas em poucos e raros locais, como na avenida Paulista”, afirma.

 ?? Fotos Rivaldo Gomes/folhapress ?? Poste de semáforo no cruzamento da avenida São Miguel com a rua Taiuvinha, na zona leste de SP, com um buraco após os fios terem sido furtados; 148 km de fios já foram levados na capital neste ano
Fotos Rivaldo Gomes/folhapress Poste de semáforo no cruzamento da avenida São Miguel com a rua Taiuvinha, na zona leste de SP, com um buraco após os fios terem sido furtados; 148 km de fios já foram levados na capital neste ano

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