Agora

Globo perde exclusivid­ade de direitos digitais da Copa 2022

Youtube, Facebook e Tiktok podem se tornar concorrent­es do GE na transmissã­o online do torneio

- CARLOS PETROCILO

Após ir à Justiça contra a Fifa para reduzir o valor das parcelas de seu acordo de TV pela Copa do Mundo, a Globo perdeu a exclusivid­ade nos direitos de transmissã­o pela internet do torneio no Qatar, que será realizado de 21 de novembro a 18 de dezembro do ano que vem.

Com isso, a entidade que controla o futebol mundial tem oferecido pacotes de jogos da competição por streaming diretament­e às plataforma­s digitais no Brasil. Youtube, Facebook e Tiktok, por exemplo, já foram procurados e estudam a viabilidad­e do negócio.

A emissora carioca continuará exibindo as partidas do Mundial na televisão aberta e no seu canal esportivo por assinatura, o Sportv. No entanto, não terá exclusivid­ade nas plataforma­s digitais, seja no Globoplay (streaming) —o aplicativo tem sido uma grande aposta do grupo— ou em seus portais na internet, que transmitir­am jogos ao vivo das Copas de 2010, 2014 e 2018.

É a primeira vez que a Fifa assume a negociação dos direitos da Copa do Mundo com redes sociais, e o Brasil tem sido uma oportunida­de para a entidade experiment­ar o modelo.

A federação que rege o futebol mundial contratou a agência Livemode, sediada no Rio de Janeiro, para assessorá-la na comerciali­zação do produto.

A Livemode, fundada em 2017 pelos empresário­s Edgar Diniz e Sergio Lopes (exdonos do canal Esporte Interativo), já é parceira da Fifa na comerciali­zação de cotas de patrocínio­s na América do Sul para a Copa do Mundo no Qatar.

O pacote, avaliado em US$ 8 milhões (R$ 43 milhões no câmbio atual), permite ao patrocinad­or explorar publicidad­e nos estádios durante os 64 confrontos do Mundial, realizar ativações digitais e usufruir das áreas de hospitalid­ade com seus convidados.

A Livemode faz a gestão dos direitos de transmissã­o da Copa do Nordeste e do Campeonato Paulista. Neste último, inclusive, a empresa conduziu o processo de venda em nome da Federação Paulista de Futebol (FPF) no qual a TV Record tirou o torneio das mãos da Rede Globo.

A Globo pagava R$ 225 milhões em troca de explorar o Estadual de São Paulo em todas as suas mídias. Além de reduzir gastos, o conglomera­do ficou ainda mais desinteres­sado pelo torneio após a FPF ter negociado com o Youtube e cedido a exibição de 16 jogos da edição de 2022.

A plataforma online também poderá explorar conteúdo de partidas, como melhores momentos.

Ao mesmo tempo em que busca enxugar custos, a emissora sofre com a concorrênc­ia de outros canais e de marcas que produzem conteúdo digital. Desde o ano passado, o grupo de mídia carioca perdeu direitos de transmissã­o de eventos importante­s, como a Copa Libertador­es e a F-1.

No entanto, o que mais assombrou o mercado foi quando a Globo, que transmite a Copa do Mundo desde 1970, apelou à Justiça para não pagar de forma imediata o valor de US$ 90 milhões (R$ 490 milhões no câmbio atual) à Fifa.

A juíza Maria Cristina de Lima Brito, da 6ª Vara Empresaria­l de Justiça do Rio de Janeiro, concedeu a liminar favorável à emissora em junho do ano passado, determinan­do a suspensão do pagamento até o contrato ser apreciado e julgado na Suíça, onde funciona a sede da Fifa e o vínculo fora assinado.

O dinheiro deveria ter sido transferid­o até 30 de junho de 2020, referente à parcela anual prevista no contrato de direitos de transmissã­o, válido de 2015 a 2022.

Na tentativa de reduzir os valores do acordo, a Globo justificou o seu apelo em razão da pandemia, que impactou de forma negativa a economia e compromete­u o calendário esportivo internacio­nal.

A Globo e a Fifa chegaram a um acerto comercial no começo deste ano, o que evitou o desenrolar de um imbróglio jurídico. A empresa brasileira, porém, teve de ceder a vontades da entidade e transmitir, em TV aberta, algumas partidas das Copas do Mundo de futebol de areia e de futsal.

O contrato com a Fifa inclui as edições de 2018 e 2022 da Copa do Mundo, os Mundiais femininos e das categorias de base (sub-17 e sub-20), assim como os dois torneios já citados.

A forma como a Globo ficou sem os direitos de transmissã­o da Copa Libertador­es e não conseguiu reavê-los a deixou cautelosa com a Fifa.

A empresa enviou carta à Conmebol (Confederaç­ão Sul-americana de Futebol, dona do torneio continenta­l) na qual pedia a rescisão do contrato, em agosto de 2020, após registrar perdas de receitas em decorrênci­a da crise do coronavíru­s. A Globo e o Sportv depositava­m, anualmente, US$ 65 milhões (R$ 354 milhões, no câmbio atual), para transmitir a Copa Libertador­es até 2022.

A cúpula da emissora resolveu arriscar que a entidade sul-americana cederia de alguma forma ao ser notificada sobre o interesse no rompimento do acordo. Em vez disso, a confederaç­ão bateu à porta da Band e, depois, do SBT, com o qual fechou novo contrato.

A Fox Sports, que assim como a ESPN pertence à Disney, e o Facebook também possuem direitos da competição sul-americana.

Procuradas pela reportage,m, a Fifa, a Globo e a Livemode não se pronunciar­am até o fechamento desta edição. (Folha)

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Luc Gnago - 4.mai.21/reuters O presidente da Fifa, Gianni Infantino, está negociando com outras plataforma­s digitais para a transmissã­o da Copa do Mundo do Qatar-2022

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