Agora

Em meio a tensão, presidente do Equador cita ‘morte cruzada’

Medida constituci­onal nunca usada levaria a novas eleições; Lasso decretou estado de exceção

- SYLVIA COLOMBO

A decretação, na noite de segunda (18), de estado de exceção por 60 dias no Equador consolidou uma ofensiva do presidente Guillermo Lasso contra o que ele vinha chamando de conspiraçã­o para derrubá-lo do poder.

O principal reflexo da medida —tomada, segundo o mandatário, em resposta ao aumento dos índices de violência no país e à ação do narcotráfi­co— será o Exército nas ruas com mandado para atuar na segurança pública. Mas ela não deixa de ser uma tentativa de demonstrar força em um momento de turbulênci­a política para Lasso.

Sob pressão de uma crise carcerária e de sua recente aparição no caso dos Pandora Papers —a acusação de que teria desviado, talvez ilegalment­e, sua fortuna a contas em paraísos fiscais rendeu um pedido de abertura de investigaç­ão pelo Congresso—, Lasso partiu para o ataque a sexta (15). “Se voltarem a bloquear as leis, devemos ir para a ‘morte cruzada’. O decreto já está pronto”, afirmou, em referência a um mecanismo presente na Constituiç­ão que permite que o presidente dissolva a Assembleia Nacional (o Congresso unicameral do país).

Pelo texto, em sete dias a partir da publicação do decreto o Conselho Nacional

Eleitoral deve convocar eleições para todos os cargos do Legislativ­o e para a Presidênci­a. Até lá, Lasso governaria por decreto —a “morte cruzada” também pode ser iniciada pelos parlamenta­res. Os novos eleitos assumiriam para terminar o mandato já iniciado, e todos que já têm cargos hoje poderiam se candidatar.

A Constituiç­ão permite que o mecanismo seja acionado apenas uma vez durante o mandato, sempre nos primeiros três anos de governo. A “morte cruzada” foi integrada à Constituiç­ão em 2008, com a ideia de facilitar a resolução de diferenças políticas entre Executivo e Legislativ­o e até hoje nunca foi usada. (Folha)

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Maria Fernanda Landin/reuters Soldado do Exército em rua de Guayaquil, no Equador; na segunda (18), o presidente Guillermo Lasso decretou estado de exceção por 60 dias

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