‘Verão Passado’ ressuscita terror adolescente de 1990
Série tenta renovar gênero, mas não consegue se desvencilhar dos clichês
CRÍTICA
Com a estreia de um capítulo novo de “Pânico” prevista para janeiro nos cinemas, “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” —disponível desde sexta (15) em forma de série no Amazon Prime Video— não estará sozinha no intento de ressuscitar o terror adolescente sanguinolento para o novo milênio.
O subgênero que ganhou o público dos anos 1970 e 1980 fez algumas incursões pela última década, mas nenhuma delas tão bem-sucedida como as duas “cinefranquias” que estouraram nos anos 1990.
Com esta nova encarnação, a Amazon promete testar o filão em novos tempos, nos quais os encontros de adolescentes parecem ocorrer muito mais em ambientes virtuais do que em acampamentos.
A história, dividida em oito episódios, continua a tomar como base o livro lançado por Lois Duncan em 1973. Trata de um grupo de adolescentes de uma cidade que, ao concluírem o ensino médio, acabam por matar uma pessoa acidentalmente e, desesperados, dão fim ao cadáver.
Passado um ano, a turma que havia tomado rumos distintos se reencontra e, um a um, começa a ser ameaçada por um assassino com a mensagem que dá título à produção. Daí por diante o espectador vai se entreter (1) tentando descobrir quem é o assassino (2) aguardando o próximo personagem a ser morto.
Nesta versão de 2021, alguns elementos foram incorporados à trama: a morte no primeiro episódio tem uma ligação mais profunda e perturbadora com os personagens, e o enredo de perseguição foi levado ao ambiente majoritariamente digital. O efeito é que a constância com que a heroína se sente espreitada se torna muito mais aflitiva (e familiar) do que no original —somos rastreados e chamados por mensagens o tempo todo, afinal.
Se o filme de 1997 reunia um elenco já alçado à condição de ídolos teen —Jennifer Love Hewitt, Sarah Michelle Gellar, Ryan Phillippe e Freddie Prinze Jr.— e trazia a assinatura de Kevin Williamson, que acabara de reavivar o gênero o ensopando de ironia em “Pânico”, aqui o elenco ainda está por estourar.
Madison Iseman (Allison/lennon), Brianne Tju (Margot), Ezekiel Goodman (Dylan), Ashley Moore (Riley) e Sebastian Amoruso (Johnny) fazem o trabalho que se espera deles e, ainda que sem nada memorável, é possível que a série ganhe a sobrevida que teve no cinema. O elenco adulto, encabeçado por Bill Heck, está um passo aquém.
A versão de 2021 também oferece algo além em termos de drama familiar. Nada, porém, que consiga se desvencilhar dos clichês que costumam pulular em produções assim. Resta esperar por “Pânico”. (Folha)