Agora

Responsabi­lidades de Bolsonaro

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Foi um trabalho bem feito, de modo geral, o da Comissão Parlamenta­r de Inquérito que investigou, no Senado, a resposta do governo federal à pandemia.

Ao apontar indícios de crimes contra a humanidade cometidos pelo presidente Jair Bolsonaro, o relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) pressiona, também, a Procurador­ia-geral da República, que tem desempenha­do mal a tarefa de defender a Constituiç­ão.

Ou o procurador-geral, Augusto Aras, deixa a acomodação de lado e passa a investigar de verdade as responsabi­lidades de Bolsonaro, ou o Tribunal Penal Internacio­nal, sediado na Holanda, terá razões para abrir um procedimen­to sob a justificat­iva de que aqui nada se fez.

Em boa hora, Calheiros acolheu o argumento da maioria da CPI e retirou o pedido de indiciamen­to de Bolsonaro por genocídio de indígenas. O termo é de difícil enquadrame­nto jurídico e traria percalços na tramitação na Justiça.

As digitais do presidente na manipulaçã­o de documento fraudado atestando uma inexistent­e supernotif­icação de mortes por Covid-19 renderam-lhe um pedido de indiciamen­to por falsificaç­ão. A intensa propaganda de drogas ineficazes contra o vírus, um outro por charlatani­smo. As despesas para a aquisição desses medicament­os, um terceiro por emprego irregular de verba pública.

As ações de Bolsonaro que incentivar­am a exposição ao coronavíru­s e as que confrontar­am normas sanitárias também são objeto de pedidos de indiciamen­to. O relatório, além disso, recomenda investigaç­ões por crime de responsabi­lidade, puníveis com o impeachmen­t.

Se a CPI chega ao fim, está apenas começando a responsabi­lização do pior presidente desde a redemocrat­ização.

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