Fome e preços fazem famílias buscarem doações de alimento
Evento na Ceagesp, em São Paulo, já distribuiu 2.000 toneladas de comida de janeiro a setembro
Nesta quinta-feira (21), famílias se reuniram para buscar frutas, legumes e verduras doados na feira que ocorre geralmente todas as quintas-feiras na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de SP), na zona oeste. A empresa estima que mais de 2.000 toneladas de alimentos tenham sido doadas entre janeiro e setembro.
A maior parte das pessoas que buscam a feira de doações do BCA (Banco Ceagesp de Alimentos) é de mulheres, chefes de domicílio, que tentam garantir uma alimentação de mais qualidade para a família, explica Karina Campano, responsável pela área de sustentabilidade da companhia.
“A ação social começou no passado e reúne cerca de 700 famílias por semana, de um total de 5.000 cadastrados”, conta Campano.
A busca das famílias por alimentos, muitas vezes revirando em caminhões de lixo ou contando com doações, tornou-se rotina nas grandes cidades do país.
Ao longo de 2021, mesmo com a redução no número de mortes por Covid-19 e o avanço da vacinação, o brasileiro tem convivido com a disparada dos preços, que afeta, sobretudo, as famílias de menor renda.
As famílias sentem essa alta de preços no cotidiano, já que o índice segue registrando altas expressivas na alimentação no domicílio. É o caso das frutas (5,39%), do café moído (5,50%), do frango inteiro (4,50%) e do frango em pedaços (4,42%).
No primeiro semestre, as doações dos permissionários no Banco Ceagesp aumentaram 145% em volume, na comparação com o mesmo período de 2020, segundo a companhia. Além do que é repassado às famílias, a comida também é doada para creches e asilos.
Em setembro, foram 127 toneladas distribuídas pelo banco de alimentos —um aumento de 74% em relação ao mesmo mês do ano passado, considerando ações na capital e no interior.
Quem se acostumou a ganhar menos de R$ 50 por semana com trabalhos esporádicos como vendedora de balas é Iasmin Sousa, 37. Ela foi à feira com a mãe. “A gente tenta vir pelo menos a cada duas semanas. Já temos planos para estas maçãs aqui”, diz, segurando um punhado de frutas. (Folha)