Agora

Bolsonaro desdenha de vacina após CPI lhe atribuir 9 crimes

Presidente põe em xeque eficácia de imunizante­s e critica medidas como comprovant­e de vacinação

- JOSÉ MATHEUS SANTOS ROBERTO CRISPIM

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender nesta quintafeir­a (21) o uso de medicament­os ineficazes contra a Covid e desdenhou da eficácia das vacinas para o enfrentame­nto da doença que já matou mais de 600 mil pessoas no país.

“Eu também fui acometido [pela Covid], tomei hidroxiclo­roquina, no dia seguinte estava bom. Será que é porque é barato? Ainda continua em interrogaç­ão o tratamento”, disse Bolsonaro durante evento de inauguraçã­o de trecho da Transposiç­ão do Rio São Francisco, em São José de Piranhas, na Paraíba.

As falas do presidente ocorreram um dia após a leitura do relatório da CPI da Covid no Senado, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). O documento será votado na próxima semana pela comissão.

O parecer do relator aponta Bolsonaro como um dos principais responsáve­is pelo agravament­o da crise sanitária e sugere que o presidente seja responsabi­lizado e investigad­o por nove crimes na pandemia, entre eles um contra a humanidade.

No discurso desta quinta-feira, além de defender o ‘kit Covid’ e atacar Renan, Bolsonaro pôs em xeque a eficácia das vacinas contra a Covid e criticou medidas de estados e municípios que têm exigido comprovant­e de vacinação para entrada em espaços públicos e privados nas flexibiliz­ações da pandemia.

“Temos governador­es e prefeitos exigindo passaporte vacinal. O nosso ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mesmo vacinado com a segunda dose, contraiu a Covid. Outras pessoas da minha comitiva que estavam vacinadas com a segunda dose contraíram o vírus. É uma grande interrogaç­ão a Covid-19”, disse.

Segundo especialis­tas em saúde, o principal objetivo das vacinas é evitar as mortes por Covid após a vacinação completa com duas doses ou aplicação única, no caso da Janssen. (Folha)

O relatório final da CPI da Covid elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) surpreende­u por não apresentar nomes citados em descoberta­s da comissão ao longo de seis meses de investigaç­ão. Embora lembradas por senadores, algumas autoridade­s foram poupadas.

O ministro Paulo Guedes (Economia) e autoridade­s do Amazonas investigad­as pela crise de oxigênio, por exemplo, foram eximidos de culpa.

O relator ainda é econômico ao citar ações do ministro da Defesa, Braga Netto, mas sugere indiciá-lo pelo crime de epidemia com resultado morte.

A CPI instalada pelo Senado para investigar as ações e omissões do governo na pandemia chegou à reta final com a proposta de punição do presidente por nove crimes. (Folha)

 ?? Reprodução ?? O presidente Jair Bolsonaro durante entrega de obra em Pernambuco; mesmo com crimes atribuídos a ele, voltou a falar em remédios ineficazes contra a Covid
Reprodução O presidente Jair Bolsonaro durante entrega de obra em Pernambuco; mesmo com crimes atribuídos a ele, voltou a falar em remédios ineficazes contra a Covid

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