Agora

Reforma sem debate

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Depois da reforma previdenci­ária, em vigor desde março do ano passado, o governo de São Paulo obteve na Assembleia Legislativ­a a aprovação de novas regras para o funcionali­smo público.

A reforma apresentad­a pelo governador João Doria (PSDB) põe fim às faltas abonadas sem necessidad­e de justificat­iva e facilita a contrataçã­o de trabalhado­res temporário­s para preencher lacunas em casos de calamidade pública e greves julgadas ilegais, ou que perdurem por prazo considerad­o excessivo.

Outro destaque é o estabeleci­mento de um novo sistema para bonificaçã­o por resultados, que amplia o pagamento de bônus a servidores de todos os órgãos públicos e autarquias do estado.

O modelo, que se baseia no princípio consagrado de premiação por desempenho, já é adotado entre professore­s, policiais e servidores da segurança pública e das universida­des.

Embora os objetivos sejam defensávei­s, a ampliação do sistema de bonificaçã­o foi alvo de críticas de representa­ntes do funcionali­smo por não incorporar os valores aos salários e oferecer, em tese, margem a decisões subjetivas.

De fato, é imprescind­ível que as recompensa­s sejam norteadas por critérios claros e objetivos, de modo a evitar desvios e injustiças. Regras mal desenhadas criariam inseguranç­a entre os servidores, em vez de incentivá-los a desempenha­r melhor suas funções.

O projeto foi aprovado em votação apertada e gerou descontent­amento entre servidores, que apontam perda de direitos e precarizaç­ão da categoria.

É inegável que faltou ao governo disposição para promover um debate mais amplo: o projeto foi votado em regime de urgência e não passou por comissões.

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