Prefeitura aumenta o número de crianças por sala em creches
Professores dizem que pode ser estratégia após criação de vagas virtuais; gestão diz que é adequação
Com o retorno das aulas presenciais, a Prefeitura de São Paulo, sob gestão Ricardo Nunes (MDB), vai permitir o aumento do número de alunos por sala nas creches e turmas com crianças de idades diferentes em 2022.
Diretores de escola foram informados que podem ter turmas multietárias, formadas por até 19 crianças, de 2 a 4 anos, no próximo ano letivo. Um único professor será responsável pelo grupo.
Atualmente, a regra da prefeitura estabelece que as turmas do mini grupo 1 (com crianças de 2 a 3 anos de idade) tenham no máximo 12 alunos para cada educador. As turmas do mini grupo 2 (de 3 a 4 anos) atendem até 25 crianças.
Segundo professores e funcionários das creches, a mudança é uma estratégia da prefeitura para acomodar as crianças matriculadas em vagas virtuais criadas durante a pandemia.
Em outubro do ano passado, a reportagem mostrou que o município estava contabilizando novas matrículas para vagas que ainda não existiam fisicamente.
Apesar de afirmar que há grupos de crianças com idades diferentes, a SME (Secretaria Municipal de
Educação) não apresentou quantas creches ou turmas adotam essa prática atualmente na capital paulista.
Em 2017, a prefeitura, sob o comando de João Doria (PSDB), assinou um acordo com o TJ em que se comprometia a criar 85,5 mil vagas em creche na cidade até o fim de 2020, além de garantir parâmetros de qualidade, entre eles a diminuição de alunos por educador.
Por conta da pandemia de Covid, o tribunal ainda não fez um balanço para avaliar se o compromisso foi cumprido. No entanto, no fim do ano passado, o então prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou ter ultrapassado o número prometido, com a abertura de 91 mil vagas em quatro anos.
Ele também comemorou ter conseguido zerar a fila histórica por creche na cidade, ainda que tenha reconhecido que garantir que o problema não voltasse a acontecer era um desafio.
A espera voltou a ser registrada já em março deste ano, quando 2.664 crianças esperavam por vaga em creche. Em junho, o número já subiu para 8.767. (Folha)