Agora

Um cinema de volta à vida

- Hanuska.bertoia@grupofolha.com.br

Salas do Conjunto Nacional, rebatizada­s de Cine Marquise, reabrem após quase dois anos

Ocinema do Conjunto Nacional, na avenida Paulista, um dos mais tradiciona­is do circuito de rua da capital, voltou à vida nesta semana, garantindo a continuida­de de uma história de 58 anos.

Com o nome de Cine Marquise, em homenagem às salas de rua, foi reaberto ao público no dia 20, um ano e dez meses depois da sessão de “Parasita”, em 19 de fevereiro de 2020, que encerrou as atividades do então Cinearte.

A história do cinema instalado no subsolo do Conjunto Nacional começou em 9 de março de 1963, sob o nome de Cine Rio. O filme em cartaz na estreia foi “O Assassino” (1961), estrelado por Marcello Mastroiann­i. Anúncios sobre o novo cinema, que tinha inicialmen­te apenas uma sala com cerca de 500 lugares, diziam que era “luxuoso, moderno, confortáve­l”, mais uma “estrela da cinelândia paulista”.

Entre os anos 1960 e 1970, o cinema manteve o mesmo nome, com uma programaçã­o voltada a filmes populares. Em setembro 1978, um incêndio atingiu parte do Conjunto Nacional, e houve focos de fogo tanto no Cine Rio quanto no Cine Astor, outra sala instalada no local (leia ao lado).

Em 1982, já com o nome de Cinearte, que acompanhar­ia a sala pelas próximas décadas, uma nova administra­ção mudou o perfil da programaçã­o, deixando de lado os filmes mais populares. A nova fase foi marcada pela estreia de “Mamãe Faz Cem Anos” (1979), do espanhol Carlos Saura.

Nos anos 1990, uma reforma deixou a estrutura do cinema mais próxima do que é hoje, acrescenta­ndo uma sala com cem lugares. Ela foi instalada onde originalme­nte ficava a bomboniere. Batizada de Cinearte 2, foi inaugurada em 15 de agosto de 1997, com o filme “Cortina de Fumaça” (1995), de Wayne Wang. A primeira sala,a Cinearte 1, ficou com cerca de 300 poltronas.

Como a maior parte dos cinemas de rua, o Cinearte viveu crises seguidas nos anos 2000, com ameaças de fechamento e perda de patrocínio­s. Entre 2002 e 2003, a campanha SOS Cinearte mobilizou frequentad­ores, com abaixo assinados e uma vigília cinematogr­áfica. Com as iniciativa­s, surgiram empresas interessad­as em aliar suas marcas ao cinema.

O nome foi mudando conforme o patrocinad­or. De Cinearte para Cine Bombril, e, depois para Cine Livraria Cultura. Em 2018, foi a vez da Petrobras, e o cinema passou a se chamar Cinearte Petrobras. Mas em fevereiro de 2019, no início do governo Bolsonaro, a estatal suspendeu o contrato. Sem patrocinad­or e diante dos custos de manutenção, o cinema fechou um mês antes da pandemia.

Agora, a história recomeça, com nova administra­ção e novos patrocinad­ores (Globoplay, Empresa Metropolit­ana de Águas e Energia e Sabesp). Foram mantidas as duas salas, com 370 e 96 lugares. Inicialmen­te, uma delas vai receber os filmes da Mostra Internacio­nal de Cinema de São Paulo.

Na nova versão, o cinema não terá bilheteria. Os ingressos poderão ser comprados pela internet ou na cafeteria. Uma mudança em um cinema tradiciona­l, onde os frequentad­ores ainda reconhecer­ão o piso português da entrada e os tacos de madeira da sala 1. Vamos matar as saudades? Cine Marquise avenida Paulista,

2073, Conjunto Nacional. Ingressos: www.ingressos.com ou na cafeteria

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Ronny Santos/folhapress Entrada do novo Cine Marquise, no Conjunto Nacional, na avenida Paulista; local estava fechado desde fevereiro do ano passado
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Hanuska Bertoia
49 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradiciona­l.
Quer saber onde encontrar seu filme preferido? Escreva para nós | Hanuska Bertoia 49 anos, é formada e pós-graduada em jornalismo. Gosta de ver filmes em qualquer plataforma (TV, celular, tablet), mas não dispensa uma sala de cinema tradiciona­l.

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