Agora

Viva sempre a sua verdade materna

Quer ver o desenho do seu filho publicado na coluna? Envie email com nome completo e idade da criança, nome do responsáve­l e celular do responsáve­l.

- Colodemae@grupofolha.com.br

Julgamento­s e perguntas incômodas sempre vão existir; estude para ser mãe e viva suas escolhas

Acoluna da última semana deu o que falar. Tratei sobre a incômoda pergunta: “você não vai ter filho?” e o quanto ela é direcionad­a apenas às mulheres como uma cobrança pela maternidad­e.

É possível ser feliz sem filhos, sim, e isso é muito importante de se dizer, mas abordei a dura realidade de quem é mãe num mundo como o atual. Ao comparar o incômodo da pergunta com a dureza da realidade materna, mostrei que, sim, dá para ouvir a pergunta e seguir. Difícil mesmo é exercer a maternidad­e com tantos julgamento­s e cobranças.

Recebi inúmeros comentário­s e depoimento­s de mães que se sentem cada dia mais sufocadas e cobradas. Uma delas me contou sua saga materna. Primeiro, havia decidido não ter filhos. Depois, ao encontrar um companheir­o que queria ser pai e cansada de ouvir a pergunta “você não vai ter filho?”, ela decidiu ser mãe. Realizou-se e está apaixonada por seu bebê, mas teve um parto difícil e não poderá ter outro filho biológico.

Ela conta que, em vez de receber apoio, o que ouve com muita frequência é se não há como reverter o que ocorreu para que se tenha o segundo filho. Ou mesmo críticas à forma de parto que ela escolheu, pois entendem que pode ter causado o problema.

Outra mãe me contou que era extremamen­te cobrada para ter filhos —algo que ela sempre quis. O filho nasceu e, como qualquer ser humano que depende dos pais, dá trabalho. Precisa de atenção, médico, escola, roupa, alimentos e o básico para viver. E o que ela mais ouve hoje é que precisa tentar dosar a “entrega materna” que faz com que assuma a maioria das tarefas com a criança.

Também tenho inúmeras histórias para contar de julgamento­s, cobranças e questionam­entos indevidos, que vão desde a retórica pergunta feita antes de eu me tornar mãe, passando pelo fato de eu ser madrasta e entrando na seara de que só tenho filhas mulheres. “Não vai tentar um menininho, não?”, ouço com frequência, seguido de um: “Todo mundo quer ter um homenzinho”.

Eu rio. Às vezes respondo. Noutras, só concordo com a cabeça. O fato é que sempre vão julgar a nossa maternidad­e, sempre vão tentar escolher por nós. E quanto mais cedermos, mais vão querer determinar sobre nossa vida.

Se você cede e tem filhos, vão te pedir o segundo. Se cede e tem o segundo e o terceiro, vão te criticar pelo excesso de crianças. Quer se mãe e trabalhar e, com isso, fica ainda mais cansada? Problema seu, pois escolheu parir. Quer ficar em casa? É encostada.

Não é possível agradar. E seguir essa fórmula de fazer o que nos pedem leva à infelicida­de. Por isso, a dica é: estudem sobre ser mãe, sobre seus sentimento­s e suas verdades para seguir seu caminho. O mesmo vale para não mães: tenha certeza do que não quer. Assim, o caos externo não destrói a felicidade interna.

Não é possível agradar. E seguir essa fórmula de fazer o que nos pedem leva à infelicida­de. A mãe

deve saber o que quer para viver sua verdade

 ?? Arquivo pessoal ?? Lara Fujita Santos, 5, desenhou um unicórnio bem colorido para celebrar o “mês das crianças”
Arquivo pessoal Lara Fujita Santos, 5, desenhou um unicórnio bem colorido para celebrar o “mês das crianças”
 ?? ?? Cristiane Gercina
42 anos, é mãe de Luiza, 14 anos, e Laura, 9 anos. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é coordenado­ra-assistente de Grana do Agora, apaixonada pelas filhas e por literatura.
Cristiane Gercina 42 anos, é mãe de Luiza, 14 anos, e Laura, 9 anos. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é coordenado­ra-assistente de Grana do Agora, apaixonada pelas filhas e por literatura.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil