Tentando engravidar? Baixo nível de vitamina D pode ser prejudicial
Problema é ainda pior para quem tem síndrome dos ovários policísticos (SOP), uma doença relacionada à infertilidade. A deficiência do nutriente interfere nos resultados de fertilização in vitro (FIV) e está ligada a complicações na gravidez, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro. O sol é responsável por algo entre 80% e 90% da conversão da vitamina.
Deseja engravidar? É bom verificar seus níveis de vitamina D, pois a deficiência desse nutriente diminui as chances de concepção e afeta negativamente os resultados da fertilização in vitro (FIV). Isso se dá por diversas razões. Por exemplo, há receptores de vitamina D em órgãos, nos tecidos e nas células reprodutivas centrais e periféricas de homens e de mulheres.
Sabemos que mulheres com baixos níveis de vitamina D podem ter uma menor probabilidade de ter filhos após a tecnologia de reprodução assistida do que aquelas com níveis normais de vitamina D. Estudos na área já identificaram que um nível abaixo do recomendado (30 ng/ml) em mulheres pode interferir nas tentativas de concepção de um filho. As mulheres que estavam acima desse nível tinham 10% mais chances de engravidar e um risco 15% menor de sofrer um aborto espontâneo.
A vitamina ainda tem papel importante na fertilidade masculina, pois ela atua nos testículos para auxiliar na sobrevivência e nas funcionalidades dos espermatozoides maduros. A conhecida atuação da vitamina D no sistema imunológico também pode ter impacto na concepção ao evitar que a gestante rejeite a implantação do embrião.
Já a deficiência de vitamina D é comum em condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), que afeta de 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva e figura entre as principais causas de infertilidade. Trata-se de um distúrbio hormonal complexo relacionado à resistência insulínica, obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, câncer de endométrio e infertilidade. Ela interfere na capacidade de concepção, pois afeta a ovulação; e, como consequência desse distúrbio hormonal da SOP, também há aumento dos hormônios masculinos. Nesses casos, também é necessário olhar para os níveis de vitamina D, pois melhora indicadores de fertilidade e fertilização in vitro nas mulheres com SOP.
E até quem conseguiu engravidar pode não estar imune aos problemas relacionados aos baixos níveis de vitamina D. A deficiência do nutriente na gestação pode aumentar a incidência de complicações como diabetes gestacional, préeclâmpsia (pressão arterial elevada), além de parto prematuro. Por isso, é importante garantir níveis adequados do nutriente.
A vitamina D é produzida pela pele em resposta à exposição solar. O sol é responsável por 80 a 90% da conversão da vitamina do organismo. Ela até pode ser encontrada em peixes gordurosos (salmão), ovos e laticínios, mas o papel da alimentação é pequeno. Então, o recomendado é tomar 15 minutos de sol por dia e não é necessário expor o corpo todo sem proteção. O rosto deve estar com fotoprotetor e você pode expor o seu antebraço nesse período.
Já pessoas com carência dessa vitamina precisam de orientação médica para fazer a suplementação. A suplementação indiscriminada de vitamina D não é recomendada, pois, em excesso, ela pode gerar alguns efeitos tóxicos, até mesmo insuficiência renal nos casos graves.
Caso seus níveis de vitamina D estejam abaixo do recomendado, consulte o médico, que poderá constatar ou não essa deficiência e a causa do problema para prescrever a suplementação adequada. No caso de casais tentantes, o médico pedirá exames e, se for necessário, indicará suplementos.
* Rodrigo Rosa (CRM: 119789 ) é ginecologista obstetra e especialista em Reprodução Humana. É membro da Assoc. Bras. de Reprodução Assistida. Instagram: @dr.rodrigorosa