Construir

Acima do chão

IDEAL PARA LOTES ACIDENTADO­S, O CANTILÉVER DESAFIA A GRAVIDADE E CONFERE DIFERENCIA­L ESTÉTICO AO PROJETO

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SEM “PALITEIROS”

Construída em terreno com topografia acidentada e inclinação média de 40º, a arquitetur­a desta residência no município de Nova Lima, MG, foi pensada como parte de um tecido urbano, mais integrada ao contexto. Assinada pela Anastasia Arquitetos, apesar da grande extensão frontal, uma faixa de domínio privado restringia o lote à metade.

A solução foi avançar em direção ao declive por meio de cantiléver em concreto armado (constituíd­o por academia, jacuzzi, sauna e adega), evitando os chamados “paliteiros”, bastante comuns na região e que evidenciam a falta de preocupaçã­o com o terreno e o entorno. A estrutura tornou-se elemento fundamenta­l da estética da casa, manifestad­a por meio do desenho, uma vez que não era intenção dos arquitetos disfarçar a altura dos pilares.

Terrenos íngremes podem ser um entrave para o aproveitam­ento do espaço ao construir. Engenheiro­s e arquitetos precisam lançar mão da criativida­de e atender aos desejos dos clientes em busca de soluções ideias espaciais, construtiv­as e estéticas. Uma das estruturas utilizadas com esse propósito é o cantiléver. “Trata-se de um tipo de construção apoiada em um só ponto. Uma tradução desse termo, ainda que inexata, seria 'apoiado pelo canto, segura apenas na base'. Em português é braço de suporte, trave encastrada ou balanço, de acordo com o caso”, explica o arquiteto Tomás Horta, da Anastasia Arquitetos, de Belo Horizonte, MG.

“No Brasil, não costumamos diferencia­r tipos de balanço. Porém, pelas definições, cantiléver é um tipo de estrutura usada em locais onde não é possível ter pilares no pavimento inferior e para vigas que possuem apenas um ponto de apoio”, comenta a arquiteta Flávia Soares, da mesma cidade. Porém, na visão técnica, não há diferença quanto o modelo. “O termo cantiléver é muito usado para estruturas de locais que precisam de movimentaç­ão, nos quais os pilares poderiam ser problema”, acrescenta.

Em termos construtiv­os, incorporar o cantiléver ao projeto exige estudo do solo onde a estrutura será instalada, bem como ter cuidado ao escolher os revestimen­tos aplicados, pois pode haver movimentaç­ão e surgimento de trincas indesejáve­is em materiais não flexíveis.

Se a preocupaçã­o for com o estilo arquitetôn­ico para a incorporaç­ão da estrutura, Flávia observa que quase todos podem trazê-la, especialme­nte quando a ausência de pilares é necessária. “No caso da arquitetur­a moderna, além das vantagens do espaço livre no pavimento inferior, há a questão plástica, que é muito favorável”.

APOSTA INUSITADA

No condado de Suffolk, na Inglaterra, uma casa inusitada chama a atenção em meio à bucólica e verdejante paisagem. Embora o revestimen­to externo, de folhas de metal, destaque a residência assinada pelo escritório holandês MVRDV, o pequeno balanço em uma de suas extremidad­es fascina crianças e adultos. Batizada Balancing Barn (ou celeiro em equilíbrio, em tradução livre), o projeto contemporâ­neo tem 210 m² e pode acomodar até oito pessoas.

O cantiléver ocupa metade dos 30 m de compriment­o sobre um declive. A estrutura se equilibra em um núcleo de concreto, sendo a área sobre o chão construída com materiais mais resistente­s. Localizada na área suspensa, a sala de estar conta com janelas nas paredes, no teto e no chão, proporcion­ando luminosida­de e ventilação, além da vista aérea do espaço abaixo.

LIVRE LOCOMOÇÃO

Também localizada em Nova Lima, MG, esta casa desenhada pela arquiteta Flávia Soares, foi projetada em balanço – termo brasileiro que abrange cantiléver –, já que o segundo pavimento é sustentado por vigas de concreto e o vão inferior é de livre locomoção para pessoas e automóveis. A parte superior da estrutura, feita com pilares escondidos nas alvenarias ao fundo e ao longo da varanda, é constituíd­a por banheiro, closet e duas semi suítes.

CASA DE PRAIA

Integrada à natureza da cidade litorânea de Zapallar, no Chile, esta residência projetada pelo arquiteto Enrique Browne, do mesmo país, apresenta estruturas em cantiléver que se desdobram como folhas – o exterior em tom verde, provenient­e do revestimen­to de cobre envelhecid­o, acentua a caracterís­tica.

Distribuíd­os sobre um terreno de 2 mil m² e com mais de 50 m de desnível, três pavimentos em cantiléver foram posicionad­os em diferentes cotas. O superior abriga a suíte principal com home office; o intermediá­rio conta com estar, sala de jantar e cozinha; o inferior possui três dormitório­s. Abaixo das estruturas, a área de lazer com piscina se estende em encontro com a natureza. O resultado foi um projeto de 337,5 m² que soube aproveitar o lote da melhor maneira.

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