Após tentativa de golpe, Turquia fecha 45 jornais e 16 redes de TV
IMPRENSA O governo turco anunciou ontem o fechamento de 45 jornais e 16 estações de TV do país, segundo a agência estatal Anadolu. Ao mesmo tempo, a Justiça local emitiu ordem de prisão contra 47 jornalistas. Entre eles está o respeitado colunista e cientista político Sahin Alpay, detido em casa pela manhã. Na segunda-feira (25), as autoridades do país já haviam anunciado a detenção de 42 jornalistas, parte dos expurgos contra suspeitos de participar da tentativa fracassada de golpe no país. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, acusa o clérigo Fethullah Gülen, em autoexílio nos Estados Unidos desde os anos 1990, de criar um “Estado paralelo” e instigar o golpe de Estado. Gülen nega envolvimento. Desde a tentativa de golpe, em 15 de julho, o governo turco suspendeu ou deteve mais de 60 mil soldados, juízes, policiais, professores e jornalistas acusados de terem ligações com Gülen. Dentre esses, mais de 15 mil estão presos. Sahin Alpay era colunista do “Zaman”, maior jornal do país até ser interditado em março. A publicação era ligada a Gülen. Mas Alpay era um conhecido ativista de esquerda e secular, sem ligação clara com o clérigo, e era ex-integrante do CHP, o principal partido de oposição secular. “Essas prisões são uma caça às bruxas, uma tentativa de criminalizar opiniões críticas ao governo”, disse o turco Timur Kuran, professor de economia, ciência política e estudos islâmicos da Universidade Duke. “Alpay simplesmente trabalhava em um jornal ligado ao movimento de Gülen e simpatizava com as atividades de caridade do movimento, não tem nenhuma ligação com terrorismo ou tentativa de derrubar o governo”, ponderou.