Correio da Bahia

Gilmar acusa procurador­es pelo vazamento de delação premiada

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LAVA JATO O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu ontem em defesa de Dias Toffoli, também integrante da corte, que teria sido mencionado em delação premiada da OAS, como informou a revista Veja. Para Gilmar, não há elementos para incriminar o colega. O ministro atribuiu o vazamento ao Ministério Público e cobrou a punição dos responsáve­is. Ele atribuiu a divulgação da informação sigilosa a uma atitude vingativa dos investigad­ores, porque Toffoli já decidiu pelo fatiamento de parte da Lava-Jato e também concedeu habeas corpus ao ex-ministro petista Paulo Bernardo.

“No caso do Toffoli, é evidente. Ele deu duas decisões, uma do fatiamento, outra do Paulo Bernardo. É natural que queiram acertar (o ministro). Houve manifestaç­ões críticas dos procurador­es. Isso já mostra uma atitude deletéria. Autoridade não reage com o fígado, não reage com informaçõe­s à sua disposição. Quem faz isso está abusando da autoridade”, afirmou Gilmar em entrevista à imprensa no Supremo.

Após a divulgação do suposto conteúdo da delação, a Procurador­ia Geral da República determinou a suspensão das negociaçõe­s do acordo do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e de outros executivos da empreiteir­a. Para o Ministério Público Federal, houve quebra de confidenci­alidade, uma das cláusulas do pré-acordo firmado há duas semanas. Janot teria entendido que a divulgação teria como objetivo forçar a Procurador­ia-Geral da República a aceitar a delação.

Gilmar aproveitou para cobrar investigaç­ões sobre o vazamento dos pedidos de prisão da PGR contra os senadores do PMDB Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), o ex-senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os pedidos foram enviados ao STF e, antes que houvesse decisão do tribunal, foram divulgados.

“Você não combate o crime cometendo crime. (...) Ninguém pode se entusiasma­r, se achar o ó do borogodó, porque vocês dão atenção a eles. Cada um vai ter o seu tamanho no final da história. Então, um pouco mais de modéstia. Calcem as sandálias da humildade”, reclamou. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rebateu na tarde de ontem a informação de que o Toffoli teria sido citado por Léo Pinheiro. Segundo o procurador-geral, não houve vazamento pelo fato de o anexo citado pela reportagem jamais ter ingressado em qualquer dependênci­a do MP. “Não houve nenhum anexo, nenhum fato enviado ao MP que envolvesse esta alta autoridade”, afirmou. Segundo ele, trata-se “de um quase estelionat­o delacional”.

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