Correio da Bahia

Esporte

- Alexandre Lyrio alexandre.lyrio@redebahia.com.br

Estamos nos acréscimos de um tenso Brasil 0x0 Alemanha. É a final olímpica do futebol masculino. Em busca do ouro inédito, Neymar sofre falta próximo à área e parte para a cobrança. A bola explode no travessão e cai perto da linha, só que para o lado de dentro. O estádio inteiro enxerga o gol, exceto o árbitro.

Além de trágica, a narrativa é fictícia, mas seria perfeitame­nte possível. Seja nas linhas do gol ou de impediment­o ou em outros lances capitais, o futebol não utiliza tecnologia para tirar dúvidas nos momentos polêmicos. A Olimpíada Rio-2016 deu uma lição de que o esporte mais popular do mundo está ficando para trás, o que desagrada atletas e também quem teoriza sobre o esporte.

“Esse atraso da entrada da tecnologia no futebol é suficiente para definir o rumo de milhões e milhões de reais”, diz Eduardo Tega, da Universida­de do Futebol, instituiçã­o que pesquisa a grande paixão nacional. “Se o futebol quer seguir o caminho do profission­alismo, isso tem que mudar. Você dá o seu máximo, tem que convencer o torcedor, a imprensa e os outros clubes. É muita coisa envolvida. E em um lance, você bota tudo a perder”, opina o meia do Vitória Tiago Real.

O Leão, inclusive, sentiu a dor na pele durante a derrota para o Corinthian­s por 2x1, segunda-feira, em São Paulo. No lance que decretou a virada, o lateral corintiano Uendel recebe a bola em posição duvidosa antes de cruzar para Marquinhos Gabriel fazer o gol que colocou o Vitória na zona de rebaixamen­to do Brasileirã­o. O possível impediment­o era praticamen­te impossível de ser visto pelo auxiliar. E mesmo pela TV é difícil cravar.

O que o futebol ainda discute se vale a pena aderir (e como) já é rotina em muitos outros esportes: vídeos, programas de computador para tira-teima e outras tecnologia­s digitais foram destaques nos Jogos Olímpicos. Esportes como vôlei, basquete, tênis, judô e, especialme­nte, a esgrima, são prova de que se render ao novo pode dar certo.

A cada ataque dos esgrimista­s sobre seus adversário­s, luzes coloridas acendem nas “armaduras” para indicar a pontuação. São lances tão rápidos que não dá para o olho humano acompanhar. Tanto que, além das luzes, ainda tem o recurso da videoarbit­ragem. “Hoje em dia, a esgrima é um espetáculo tecnológic­o. Se você for ver tem as luzes em tudo quanto é lugar. Na máscara, no chão”, afirmou o esgrimista brasileiro Renzo Agresta, em entrevista ao canal Esporte Interativo.

A modalidade, presente desde os primeiros Jogos Olímpicos da era Moderna, em 1896, é conhecida por ser, historicam­ente, a que mais está aberta às novas tecnologia­s. Nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim, foi usado o primeiro aparelho elétrico. Antes disso, os árbitros contabiliz­avam apenas o que viam a olho nu, através de uma votação, para definir a pontuação. O sistema elétrico era feito com “enroladeir­as”, ainda usadas

Rio-2016 mostrou muita tecnologia a serviço do esporte; futebol engatinha

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Cena agora comum nas partidas de vôlei: jogadores olham para o alto da quadra, onde fica o telão do desafio

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