Correio da Bahia

Itália em choque

- LUCY BARRETO, COM AGÊNCIAS

Os moradores de várias pequenas cidades na montanhosa região do centro da Itália foram acordados com desabament­os e gritos de socorro durante a madrugada de terça para quarta-feira. Muitos ainda estão presos sob os escombros de prédios devastados pelo terremoto de magnitude 6,2 graus que atingiu o país, deixando pelo menos 159 mortos.

Equipes de resgate e os próprios moradores trabalhara­m ontem, o dia inteiro, à procura de sobreviven­tes e outras vítimas. O número de feridos ainda é incerto. O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, falou em 368 feridos socorridos. O jornal Corriere della Sera noticiou “270 feridos e muitos desapareci­dos”. O epicentro do terremoto foi em Norcia, 170 quilômetro­s a nordeste de Roma, e as localidade­s mais atingidas foram Accumoli, Amatrice e Arquata. “Metade da cidade já não existe. As pessoas estão sob os escombros”, lamentou o prefeito de Amatrice, Sergio Pirozzi. O chefe da Defesa Civil italiana, Fabrizio Curcio, informou que as equipes de resgate tiveram dificuldad­es de chegar até as pessoas por causa dos escombros espalhados pelas ruas das cidades e devido aos mais de 100 tremores secundário­s, que foram sentidos inclusive em Roma.

O centro histórico de Norcia é um ponto turístico muito popular, mas o prefeito, Nicola Alemanno, disse que não há registro de mortes na cidade, segundo a BBC. “As estruturas antissísmi­cas da cidade se mantiveram. Há danos ao patrimônio histórico e a prédios, mas não temos (registro de) ferimentos sérios”, contou. A região central da Itália, que abriga os locais mais afetados pelo abalo, é bastante turística, e recebe muitos visitantes na alta temporada. Em Amatrice há um hotel com pelo menos 65 pessoas sob os escombros. O local hospedava 70 pessoas e até a noite de ontem apenas cinco corpos foram retirados, entre eles o de um menino de 11 anos que chegou a dar sinais de vida, mas não sobreviveu. Um integrante da equipe de resgate disse à agência Associated Press que as buscas por sobreviven­tes foram suspensas no local durante a madrugada porque a região está sem luz e estava muito difícil trabalhar no escuro. Diversas estradas foram obstruídas por pedras, o que dificulta os trabalhos de resgate. Algumas localidade­s também tiveram seus hospitais destruídos.

O papa Francisco manifestou “grande dor” pelo terremoto que “devastou zonas inteiras” e disse ter ficado “fortemente comovido” ao saber que há crianças entre os mortos. A Conferênci­a Episcopal Italiana determinou a imediata destinação de 1 milhão de euros (R$ 3,66 milhões) para as operações de socorro. A entidade também fará uma arrecadaçã­o em todas as igrejas do país.

O alto poder destrutivo do tremor foi atribuído ao fato de seu epicentro ter sido registrado a apenas 4 quilômetro­s da superfície, numa região montanhosa, em que muitas construçõe­s são feitas em terrenos inclinados. A Itália tem um longo histórico de desastres causados por terremotos. Em 2009, a cidade de Áquila também ficou destruída e mais de 300 pessoas morreram.

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Moradores de Amatrice, uma das cidades mais atingidas, aguardam notícias de sobreviven­tes
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Um sobreviven­te chora em frente a sua casa destruída pelo tremor

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