Temer age para atrair voto de maranhenses
Para atrair o máximo de votos possíveis a favor do impeachment e impedir debandadas de última hora, o presidente interino Michel Temer (PMDB) entrou em campo para articular apoio junto a senadores que não manifestaram publicamente posição no processo. Ontem,os três integrantes da bancada do Maranhão foram o foco.
Em reunião no Palácio do Planalto, o peemedebista tratou de um projeto muito caro aos senadores maranhenses: a criação de uma zona de exportação no Porto do Itaqui, em São Luís. “É a bandeira da bancada do Maranhão. É uma proposta nossa, que foi abraçada por todos nós”, disse o senador Roberto Rocha (PSB-MA), autor do texto, cujo relator é Edison Lobão (PMDB-MA).
A conversa com a bancada maranhense foi uma reação à investida da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), que nessa semana teria negociado a reorganização de coligações do PT no Maranhão para as eleições municipais, a pedido dos senadores João Alberto Souza (PMDB-MA) e Roberto Rocha. Ambos negam a movimentação.
A proposta dos parlamentares estabelece a Zona de Exportação do Maranhão (Zema), que tem o objetivo de incentivar a produção de bens destinados ao mercado exterior e desenvolver a indústria local. O projeto englobaria toda a capital maranhense como área de livre comércio, com incentivos especiais, mas sem previsão de renúncia fiscal, aspecto que agrada o governo federal.
Segundo os parlamentares, Temer demonstrou muito entusiasmo pela proposta. Eles pretendem votar o projeto até o fim do ano na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e acreditam que o apoio do governo pode acelerar a votação em plenário.
Preocupado com o impeachment, Temer observou particularidades políticas do Maranhão que favorecem a presidente afastada e, por isso, resolveu agir. Foi naquele estado que a petista teve a maior votação proporcional para a Presidência em 2014, com quase 79% do eleitorado.
Os três integrantes da bancada maranhense votaram anteriormente a favor do processo de impeachment, mas nenhum se comprometeu em manter a posição no julgamento final. Sobretudo após o PT iniciar um movimento para se distanciar dos aliados do governador maranhense, Flávio Dino (PCdoB), na disputa pelas prefeituras do estado contra o grupo liderado pelo ex-senador José Sarney (PMDB-AP).