Oferta e procura tricolor
No sábado, na Arena Fonte Nova, 20.925 torcedores, entre sócios e bilheteria, pagaram ingresso para assistir ao triunfo do Bahia diante do Paraná. Foi o maior público do tricolor na Série B, e o terceiro maior do clube na temporada – perde apenas o primeiro Ba-Vi do ano, e para o jogo de volta da semifinal da Copa do Nordeste, contra do Santa Cruz. Números que indicam o caminho que a equipe do presidente Marcelo Sant’Ana precisa seguir daqui em diante.
Não estou aqui para fazer discurso populista, pois a torcida do Bahia não precisa que ninguém faça média com ela. Sua história fala por si só. Mas é evidente que a camada menos favorecida da massa tricolor está afastada da Fonte Nova. O discurso de elitização do estádio ecoa Salvador adentro, e o Bahia sentia dificuldades para mudar esse cenário. Baixar o preço dos ingressos soa como populismo mas, na realidade, é uma necessidade econômica.
Defendo que a Lei da Oferta e da Procura também deve prevalecer no futebol. Se a demanda é baixa, é preciso baixar o preço do serviço. O Bahia não estava oferecendo um futebol compatível com o preço praticado na Arena Fonte Nova e o resultado foi o afastamento da torcida. Contra o Paraná – motivado pelo bom resultado contra o Avaí, fora de casa, quando o tricolor venceu por 3x0 – os preços dos bilhetes foram reduzidos, e o torcedor elevou a média de público na Série B.
É claro que o valor do ingresso não precisa ser baixo o tempo inteiro. Como a Lei da Oferta e da Procura propõe, os preços podem ser majorados de acordo com a demanda do torcedor. E essa demanda só crescerá com a melhora do desempenho do time e, consequentemente, com resultados mais consistentes. Estádio cheio ajuda a empurrar a equipe, e também contribui para a fidelização da torcida, abrindo portas para o aumento da base de sócios do clube. No sábado, o Bahia criou a sinergia necessária para buscar uma retomada na temporada: há espaço para quem pode pagar mais, mas também existe espaço para aqueles das camadas mais humildes. No final das contas, todos gritam, de forma uníssona, o famoso “bora baêa”.
O Bahia não estava oferecendo um futebol compatível com o preço praticado na Arena Fonte Nova e o resultado foi o afastamento da torcida
TIME EM EVOLUÇÃO
Dentro de campo, o Bahia fez sua melhor partida na Série B. Consolidou o equilíbrio ofensivo, dependeu menos das subidas de Eduardo e explorou a velocidade de Moisés, um dos destaques diante do Paraná. No primeiro tempo, o time encontrou espaços nos corredores laterais e foi melhor que seu adversário. Enquanto o lateral-esquerdo criou profundidade, o direito qualificou a saída de bola a partir da primeira linha defensiva. Na etapa final, o Paraná resolveu bloquear as laterais, mas ofereceu o meio-campo para o Bahia jogar. A partir daí, entrou em campo a maturidade tática de Guto Ferreira: um time que passou a entender o jogo e manter o equilíbrio diante das dificuldades impostas pelo adversário. Edigar Junio saiu da ponta para o meio e fez o primeiro gol; Cajá acertou a trave em chute de média distância; Juninho, com espaço para avançar, marcou um golaço; Allano, também fazendo a diagonal, fez o terceiro. O vasto tempo que Guto teve para ajustar o time nas últimas semanas começa a fazer efeito. O Bahia, mais intenso e coeso, sobrou diante dos dois últimos adversários. Saída de bola ganhou qualidade com Juninho, e ataque passou a romper última linha adversária com mais efetividade após o retorno de Edigar Junio. A defesa melhorou o desempenho nas bolas aéreas e a marcação pelas laterais. Ingredientes que diminuem a pressão por resultados imediatos, mas que alimentam novamente as esperanças dos tricolores de ver o time na Série A de 2017.