Governo de Dilma chega hoje ao fim
desestabilizadora. Não foi a oposição a responsável pelos delitos cometidos”, emendou o tucano, presidente nacional do PSDB.
ACUSAÇÃO
Antes de que os senadores iniciassem os discursos, a sessão de julgamento foi dedicada à explanação dos responsáveis pela acusação e defesa. Coautora do processo contra a petista, a advogada Janaína Paschoal, primeira a falar, rebateu argumentos apresentados anteontem pela presidente afastada.
Segundo ela, não é verdadeira a tese de que a legislação usada como base para o processo é arcaica. “São falaciosos que estamos aplicando a Dilma uma lei velha”, disse, em referência à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em vigor desde 2000. “A diferença é que os valores, a audácia e a fraude são muito maiores hoje”, afirmou.
Ao concluir sua fala, Janaína chorou. “Finalizo pedindo desculpas à senhora presidente. Não por ter feito o que fiz, mas por eu ter lhe causado sofrimento. Mas sei que a situação que está vivendo não é fácil. Muito embora não fosse meu objetivo, causei sofrimento”, afirmou, com voz embargada.
Outro autor do pedido de impeachment, o jurista Miguel Reale Júnior subiu o tom contra o PT. “É uma administração pública não baseada no mérito, mas na sinecura, na difusão de que o que importa é ser malandro. O lulopetismo deixa como legado a esperteza, a malandragem. O país não quer mais isso”, disse. “Como não há crime de responsabilidade? Há sim. Há cadáver e há mau cheiro desse cadáver. O crime está inicialmente em se ter utilizado os bancos oficiais para financiar o Tesouro”, completou.
DEFESA
Em um discurso inflamado, José Eduardo Cardozo afirmou que, se Dilma sofrer o impeachment, será uma pena de morte política. “É uma execração que se faz a uma pessoa digna”, disse, pedindo que senadores votem pela justiça e pela democracia e não aceitem que o Brasil viva um “golpe parlamentar”.
No fim da fala, Cardozo pediu a Deus que, se a petista for condenada, um futuro ministro da Justiça peça desculpas a ela, assim como ele pediu a famílias de vítimas da ditadura militar. Em declaração à imprensa, o ex-ministro também chorou. “As palavras da acusação foram muito injustas. Para quem conhece a presidente Dilma, pedir a condenação para defender seus netos, me atingiu muito fortemente”, afirmou.