Senadores batem-boca após advogada falar
Uma confusão entre senadores contra e a favor do impeachment acirrou os ânimos na primeira parte da sessão de ontem, destinada às alegações da acusação e da defesa. O princípio de tumulto começou logo após a fala da advogada Janaína Paschoal, coautora do pedido de impedimento da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
Líder do governo Michel Temer no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP) fez uma intervenção para acusar o deputado federal José Guimarães (PT-CE), presente no plenário da Casa, de ter sido desrespeitoso ao chamar a advogada de “golpista”. “Golpistas foram aqueles que saquearam a Petrobras. Golpistas são vocês”, afirmou.
Em seguida, Nunes pediu ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que mandasse a Polícia Legislativa retirar Guimarães, caso ele não se comportasse em plenário. “Eu não tenho medo de você, nem de vocês”, repetia o tucano, apontando o dedo para Guimarães, que estava sentado no fundo do plenário.
Senadores aliados a Dilma tentaram intervir na situação. Foi aí que o tucano e a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) iniciaram uma trocar de insulto, acusando-se mutuamente de “golpistas”. A confusão levou Lewandowski a suspender a sessão por cinco minutos.
No retorno, a senadora amazonense Vanessa Grazziotin (PCdoB) apresentou uma questão de ordem ao presidente do Supremo, pedindo que ele ordenasse Nunes a se retratar. Segundo ela, Dilma falou em “golpe” anteontem, quando apresentou seu discurso de defesa.
“O senador que me antecedeu foi ao microfone, dizendo que teria sido desrespeitado, mas nunca falamos em golpe querendo xingar ninguém. Gostaria muito que o senador que me antecedeu se retratasse”, afirmou Vanessa Graziotin, que foi alvo de zombaria por parte de parlamentares a favor do impeachment.
“Está registrado que o senhor pediu que a polícia do Senado retirasse seu colega. Não estamos aqui para tumultuar, mesmo sendo as vítimas. Pedimos o mínimo de respeito, para nós e para todos os deputados que vieram assistir à sessão”, emendou a senadora do PCdoB.
Ela ainda orientou Guimarães a permanecer. “É um direito seu como deputado federal”, disparou. O petista, que estava no fundo do plenário, chegou perto de Nunes e de parlamentares do PSDB, para conversar com o tucano e encerrar a discussão.