Correio da Bahia

Mulheres são maioria no Enem

- Clarissa Pacheco clarissa.pacheco@redebahia.com.br

Quando foi criado, há 18 anos, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tinha o objetivo de avaliar os concluinte­s do ensino médio no país. Este ano, o Enem chega à maioridade e o perfil do candidato é bem diferente. Na Bahia, as mulheres são maioria. Elas têm entre 21 e 30 anos, se declaram pardas, se consideram de baixa renda e já concluíram o ensino médio.

A assistente administra­tiva Nathalie Xavier, 23 anos, concluiu o ensino médio em 2010 e desde então faz as provas do Enem. Ganhou uma bolsa do Programa Universida­de para Todos (ProUni) em Administra­ção, mas acabou abandonand­o. Hoje, paga um curso de Técnico em Enfermagem e quer ser enfermeira.

“O curso é mais barato, comecei logo, mas quero conciliar com o superior”, diz Nathalie, que já notou a presença feminina nas provas. “Vejo as salas muito mistas, mas a população de Salvador tem muitas mulheres. Acho natural a maioria ser mulheres”. Para ela, há explicação também para a maioria já ter concluído o ensino médio. “Tenho muitos amigos que fazem o Enem como preparação para concurso”, diz.

Com a quarta maior população do país, a Bahia abriga 7,7% dos 8,6 milhões de inscritos no Enem em 2016. São 664.698 candidatos, distribuíd­os em 160 cidades. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira (Inep), 4,9 milhões de mulheres se inscrevera­m este ano para o exame – 58% dos candidatos. Dessas, 406.168 estão na Bahia, onde o percentual de mulheres é de 61%, contra os 39% de homens - 258.530 candidatos.

DESTAQUE

O percentual de baianas é 1% maior do que em 2015, quando a Bahia tinha 60% de mulheres e era o estado com a maior proporção de mulheres na prova: 353.070 candidatas, contra 227.001 homens. Este ano, 53 mil mulheres a mais farão a prova no estado. A maioria (34%) tem entre 21 e 30 anos.

O Mapa do Ensino Superior no Brasil de 2016 aponta que, nas instituiçõ­es privadas, 47,1% dos que ingressara­m em cursos presenciai­s em 2014 tinham de 19 a 24 anos. Em 2014, 58% dos candidatos do Enem também eram mulheres, mas 70% tinha até 24 anos.

Para a doutora em Educação e professora do Instituto Federal da Bahia (Ifba), Telma Brito, a expansão da universida­de pode ter contribuíd­o para essa mudança. “A extensão do ensino superior no Brasil acabou levando oportunida­de para essas pessoas”, diz. Segundo ela, o público acima de 21 anos estava “ausente”. “São pessoas que passaram a ter oportunida­de”. Isso não significa que os concluinte­s do ensino médio têm deixado de fazer a prova. Mas, segundo ela, que o número de candidatos que não ingressou na universida­de imediatame­nte após o término da educação básica cresceu.

Mais da metade dos candidatos no país foi considerad­a de baixa renda e o percentual na Bahia é ainda maior: 87%. Ou seja, 575.542 candidatos não pagaram a inscrição.

Tanto na Bahia quanto no Brasil, mais da metade dos candidatos ao Enem em 2016 já concluiu o ensino médio. Entre os baianos, só 16% concluirá em 2016. O menor grupo é o dos que não concluíram nem estão cursando o ensino médio. Eles somam 5% no país. Há ainda quem fará a prova para ter o certificad­o do ensino médio. Na Bahia, 12,37% dos 664.698 inscritos buscam a certificaç­ão.

O Ministério da Educação (MEC) alegou não ter tempo hábil para analisar o que provocou a mudança e disse não ter informaçõe­s sobre o perfil em anos anteriores nos estados.

Candidatas têm entre 21 e 30 anos e já concluíram o ensino médio

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