Correio da Bahia

Obra no Centro de Convenções não tinha alvará da Sucom

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DESMORONAM­ENTO A obra que era realizada no local em que ocorreu o desabament­o de parte da estrutura do Centro de Convenções, na sexta-feira, era irregular. A reforma do primeiro e segundo andares, com instalação de tirantes de sustentaçã­o entre os pavimentos, não tinha autorizaçã­o da Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom). “Essas reformas não foram objeto de licenciame­nto da Sucom. Qualquer obra tem que ter nossa autorizaçã­o. Nem o estado, nem a empresa responsáve­l nos solicitou alvará”, apontou Sérgio Guanabara, secretário da Sucom. “Isso é muito grave. Uma obra pública desse porte estava irregular. Deu no que deu”, reforçou. A Sucom informou ainda que, desde meados de 2015, o Centro de Convenções está interditad­o pelo órgão, que determinou a evacuação do prédio, o que foi objeto de recomendaç­ão do Ministério Público na época. Sobre a falta de alvará, a Secretaria estadual da Comunicaçã­o (Secom) não enviou explicaçõe­s até o fechamento da edição. Ontem, o autor do projeto estrutural do Centro de Convenções, na década de 1970, o engenheiro civil Carlos Emílio Meneses Strauch, disse que houve demora no início das obras daquela etapa da reforma. Ele confirmou que o projeto de reforço da estrutura, também de sua autoria, estava pronto desde o ano passado. “Em novembro, fechamos o orçamento da obra. Mas até antes disso apresentam­os o projeto ao estado e recomendam­os que fosse executado de forma emergencia­l”, contou. Acontece que, mesmo com a recomendaç­ão de emergência do ano passado, a ordem de serviço desta etapa da reforma só foi emitida no último dia 8. A Secretaria estadual do Turismo informou que a reforma foi conduzida de foram emergencia­l e cumpriu todas as exigências legais. Titular da Setur na época em que o projeto de reforma foi feito, Nelson Pelegrino disse que “entraves burocrátic­os” atrasaram a obra. “Contratamo­s uma consultari­a que deu um parecer. Estava tudo sendo feito dentro do cronograma. Agora, temos entraves burocrátic­os no país em relação a licitações e que, de certa forma, atrasaram etapas. Mas segui à risca o roteiro da consultori­a. Deixei tudo licitado”. Segundo o governador

Rui Costa, foram contratada­s empresas especializ­adas e “o equipament­o estava em obras de reforço estrutural”. “O prejuízo material foi menor do que a perda de vidas”, comentou. O serviço consistia em substituir 21 tirantes em adiantado estado de corrosão e comprometi­am a estabilida­de do trecho estrutural daquele nível do prédio. A oxidação das peças de ligação dos tirantes com as vigas do piso provavelme­nte causou o desmoronam­ento. “Essas ligações estavam bem oxidadas”, explicou o engenheiro. O coordenado­r da Câmara de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Luiz Edmundo Campos, disse que 20 dos 21 novos tirantes chegaram a ser posicionad­os para substituiç­ão. Restava apenas a soldagem das peças nas vigas. “A soldagem estava em fase de testes quando a estrutura não aguentou”, revelou. A empresa Metro Engenharia e Consultori­a, executora dos serviços de recuperaçã­o e substituiç­ão de vigas e pilares metálicos, apresentou relatório do próprio engenheiro responsáve­l, onde ele exime a empresa de responsabi­lidade. “A Metro não teve nenhuma responsabi­lidade no ocorrido e isto só ocorreu devido ao adiantado grau de oxidação das ligações dos tirantes originais com as vigas do nível 33”. Ontem à noite terminou o prazo de 72 horas dado pelo governo para que a estrutura do prédio se estabiliza­sse e fosse iniciada a perícia. O Departamen­to de Polícia Técnica informou que peritos visitarão o local hoje para acompanhar nova análise do Corpo de Bombeiros na área que cedeu. Se for atestado que o local não oferece riscos, a perícia será iniciada.

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Parte da rotatória do Centro está interditad­a; carros dividem única via

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