Casal executado em casa foi amarrado e amordaçado
O projetista industrial Renato Giffoni Habib, 58 anos, e a mulher dele, a dona de casa Nélida Cristina Oliveira Habib, 55, foram encontrados amarrados e amordaçados no final da tarde de anteontem, em Jardim Placaford, após serem mortos com tiros na cabeça. O filho do casal, Bruce Habib, 25, também foi amarrado, mas conseguiu escapar dos criminosos, que fugiram.
O duplo assassinato aconteceu na Rua Encontro das Árvores, no bairro de Jardim Placaford, em um loteamento que reúne 126 imóveis de classe média alta. Bruce é estudante de Engenharia Mecânica e contou, em depoimento à polícia, ontem, que estava em um anexo nos fundos da mansão quando foi surpreendido por seis homens. Ele não soube dizer como o grupo entrou no imóvel. A casa é cercada por muros altos e a família tem dois cães da raça pit bull.
O estudante contou que foi separado dos pais, na hora do ataque. Enquanto Renato e Nélida eram mantidos reféns no primeiro piso do imóvel, ele permaneceu no anexo, amarrado e amordaçado. Os bandidos também usaram algemas para imobilizar Bruce. A polícia não contou o que o grupo disse antes, durante e depois do crime — segundo a coordenadora da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico), delegada Andrea Ribeiro, “para não atrapalhar as investigações”.
TORTURA
A delegada contou que as vítimas foram imobilizadas antes de serem mortas e que os corpos do casal foram encontrados separados. Renato estava na sala, com braços e pernas presos com fita adesiva e com uma mordaça. Ele foi morto com dois tiros na cabeça. A polícia não soube informar o calibre. Nélida Cristina também teve os braços e pernas imobilizados com fita adesiva e foi assassinada com um tiro de escopeta calibre 12. A polícia não encontrou indícios de espancamento. A ação toda durou cerca de meia hora.
Um dos porteiros do loteamento contou que ouviu os disparos, mas disse à polícia que não viu quando os bandidos chegaram ou saíram.
Bruce relatou que quando os pais foram mortos, os tiros chamaram a atenção do único bandido que estava com ele no anexo da casa. Segundo ele, o homem, nessa hora, correu para o primeiro piso para ver o que estava acontecendo e foi nesse momento que conseguiu escapar. “Ele contou que conseguiu se desvencilhar e correu para um cômodo ao lado, que se escondeu embaixo da cama e, depois que os bandidos fugiram, ele saiu para buscar ajuda”, contou a delegada. Testemunhas contaram que por volta de 17h40, Bruce apareceu na rua algemado e amordaçado, tentando gritar por socorro.
Além dele, Renato e Nélida têm uma filha, que mora em São Paulo. A família é dona do imóvel em Placaford há 22 anos.
Filho das vítimas conta que escapou após também ser rendido por grupo
INVESTIGAÇÃO
A polícia não forneceu os detalhes, mas afirmou que não descarta nenhuma linha de investigação. Ontem, os delegados estiveram no imóvel para mais uma perícia. Bruce, a namorada dele, o caseiro e o porteiro já foram ouvidos.
Primo de Bruce, o advogado Lázaro Bastos, 36, contou que o estudante é usuário de drogas, mas não acredita que isso possa ter relação com o crime. “Ele é usuário de maconha, não de cocaína ou crack. Não acredito que o crime seja por dívida de droga”, disse. Bruce não tem registro de passagem pela polícia.
No site da Junta Comercial da Bahia consta que Renato Habib fechou este ano uma empresa que foi aberta em 2005 e na casa onde aconteceu o crime há uma placa anunciando a venda. Na Rua Encontro das Árvores, perto da casa, há uma câmera quase em frente ao imóvel, mas as imagens não são armazenadas. A polícia ainda busca outras câmeras na região para conseguir pistas sobre os assassinos.
Até as 17h de ontem, os corpos de Renato e Nélida Cristina permaneciam no Departamento de Polícia Técnica (DPT). Segundo a família, os corpos serão retirados hoje, mas o horário e o local do sepultamento ainda não foram definidos.