Temendo precarização de licenciaturas, Ufba promoverá debate sobre reforma
As mudanças no ensino médio têm reflexos no ensino superior, e não apenas no que diz respeito à seleção dos alunos que chegam à universidade. Segundo o pró-reitor de Ensino de Graduação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Penildon Silva Filho, a reforma afeta também os cursos de licenciatura, que são todos oferecidos pela instituição.
“Os professores do ensino médio são formados na universidade”, destacou. As licenciaturas, diferentemente dos bacharelados, são cursos que preparam o estudante para dar aulas, com disciplinas específicas também para desenvolver essa habilidade. Assim, de acordo com o pró-reitor, a Ufba é contra o chamado “reconhecimento dos saberes”, uma das novidades da Medida Provisória 746/2016, que prevê a reforma do ensino médio.
“Somos contra usar pessoas que não são formadas na área, contratando o profissional e fazendo uma certificação. É o caso de alguém que é formado em Engenharia e dar aula em Matemática ou Física. Mas, para ser um bom professor, também tem que ter a didática, a prática do ensino. E isso, só os cursos de licenciatura podem garantir”. Para o pró-reitor, isso leva à precarização do ensino nas salas de aula do ensino médio e, como consequência, à precarização também dos cursos na universidade.
Para debater o assunto com a sociedade, a instituição promoverá um debate, nos dias 19 e 20 de outubro, na Faculdade de Arquitetura. A programação deve ser divulgada nas próximas semanas. Além da Ufba, a Secretaria da Educação (SEC) também já informou que organizará mesas técnicas para debater as mudanças. Serão três, de outubro a dezembro. A primeira, prevista para 24 de outubro, deve acontecer na sede do órgão, no CAB.