PF investiga caixa 2 para a campanha de Rui em 2014
A manhã havia acabado de começar quando a movimentação de veículos da Polícia Federal (PF) e agentes armados alterou a rotina dos moradores do Parque Cruz Aguiar, no Rio Vermelho. O alvo da PF era a sede do PT na Bahia, um dos endereços vasculhados pela Operação Hidra de Lerna, deflagrada ontem para investigar um suposto esquema de financiamento ilegal na campanha do governador Rui Costa em 2014.
Originada a partir de informações fornecidas por três delatores da Operação Acrônimo, que apura o uso de caixa 2 também na campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais, a Hidra de Lerna teve a Bahia como foco. Além do diretório petista, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da Propeg, situada na Ladeira da Barra, e em endereços ligados a executivos da agência de publicidade no Corredor da Vitória e Stella Maris.
A rota dos agentes em Salvador incluiu ainda o Itaigara, bairro onde mora o ex-ministro das Cidades Mario Negromonte, conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). As buscas na casa de Negromonte fazem parte da segunda “cabeça” da operação - batizada com o nome do monstro da mitologia grega que tinha capacidade de substituir uma cabeça cortada por duas novas.
Além da investigação contra Rui Costa, a Hidra de Lerna apura também suspeitas de pagamento de propina sobre um contrato de publicidade de R$ 45 milhões, firmado entre a Propeg e o Ministério das Cidades durante a gestão de Negromonte, que comandou a pasta de 2010 a 2012. De acordo com informações da Folha de S.Paulo, a PF estima que, com aditivos, o valor pode ter chegado a R$ 100 milhões.
A operação mira outro ex-ministro das Cidades Marcio Fortes e a empreiteira OAS. Ambos integram o conjunto de 16 mandados de busca e apreensão cumpridos na Bahia, Rio de Janeiro e Distrito Federal. As investigações foram autorizadas pela ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), devido ao foro privilegiado de alguns investigados pela PF.
DELAÇÕES
Parte das informações que deram base para a Hidra de Lerna veio a partir dos depoimentos de colaboração premiada firmados entre o Ministério Público Federal e a empresária Danielle Fonteles, dona da agência Pepper, especializada em campanhas eleitorais pela internet. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, a delatora disse que o governador da Bahia participou da negociação sobre o pagamento de despesas via caixa 2 durante a disputa de 2014.
Ainda de acordo com o Estadão, Danielle afirmou que o contrato com a Pepper foi negociado durante uma reunião com Rui Costa em 2014. Na ocasião, disse a empresária, o petista acertou pagamento de R$ 1,9 milhão e pediu a ela que procurasse o tesoureiro da campanha. Danielle afirmou que R$ 633 mil foram repassados pelo PT, soma que aparece na prestação de contas do petista naquele ano.
A OAS ficaria encarregada de pagar R$ 725 mil, não declarados. Para viabilizar os repasses de caixa 2, sustentou a delatora, a empreiteira firmou com a Pepper um contrato de prestação de serviços superfaturado. Cerca de 70% do valor pago pela construtora teria coberto, na verdade, as despesas da campanha. O restante viria de uma fonte não identificada pela delatora.
Além da dona da Pepper,
Hidra de Lerna apura repasses do PT e propina para ex-ministro