Correio da Bahia

Mais de 3,4 mil réus podem ir para a cadeia após decisão

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A mudança no entendimen­to do Supremo Tribunal Federal (STF) ao permitir que acusados em ações penais sejam presos após uma decisão de segunda instância, antes de esgotados todos os recursos, poderá levar 3.460 réus para a cadeia, aponta um estudo da FGV Direito Rio. O número equivale a 0,55% da população carcerária brasileira — 622.202 pessoas, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Justiça, em reportagem do Jornal O Globo do dia 2 de setembro.

Coordenado­r do estudo, o professor Ivar Hartmann, da FGV Direito Rio, defende que a análise em segunda instância é suficiente para avaliar a culpa do réu. “Acho que é proporcion­al restringir (a presunção de inocência) quando já houve uma decisão de órgão colegiado sobre aquele réu. Seria desproporc­ional executar a pena a partir da primeira instância”, avalia.

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, alerta para o risco de se passar por cima de direitos constituci­onais. “Se começarmos a afastar os direitos constituci­onais, sairemos (do debate) como um país obscuranti­sta”, afirmou Kakay, que representa o PArtido Ecológico Nacional (PEN), responsáve­l por uma das ações.

Autora da outra ação, a OAB afirma, no texto, que a decisão do STF “reescreveu a Constituiç­ão e aniquilou uma garantia fundamenta­l”.

A prisão em segunda instância vinha sendo defendida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e pelo juiz responsáve­l pela Operação Lava Jata, Sérgio Moro. Para eles, a situação dificulta a impunidade.

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