Correio da Bahia

Menos água, mais mosquito

- Thais Borges thais.borges@redebahia.com.br

A doméstica Dulcineide Ferreira, 47 anos, mora no bairro da Palestina desde o ano 2000. Tem casa própria e tudo, mas está pensando em vender o imóvel, que fica no segundo andar de um pequeno prédio na Rua Direta da Palestina. “Estou triste, querendo vender, porque não tem água. Tem dias que não dá para fazer nada”.

Para driblar a falta de água – que, segundo ela, chega a durar dois meses – Dulcineide conta com baldes, vasos e tanques. Vez ou outra, recorre ao tanque de algum vizinho. “A água sobe fraquinha ou não sobe”. Na Palestina, onde relatos como o da doméstica são comuns, há outro problema: o Levantamen­to do Índice de Infestação para Aedes aegypti (LIRAa) chegou a 4,6, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Esse número indica que, a cada 100 imóveis visitados na área, foram encontrado­s focos do mosquito em 4,6 deles. É o maior número da cidade – e o único que indica alto risco de epidemia, já que fica acima do estado de alerta, cujo limite é de 3,9. E, na avaliação dos agentes de saúde e dos próprios moradores, o alto índice tem a ver com a irregulari­dade no abastecime­nto de água.

“É coincident­e isso: onde temos o LIRAa alto, tem a ver com o fornecimen­to de água. Isso potenciali­za o risco de ampliação do LIRAa. As pessoas armazenam água e você potenciali­za a presença do mosquito”, afirmou o secretário municipal da Saúde, José Antônio Rodrigues Alves.

Mas o problema vai muito além da Palestina. De acordo com o secretário, esse tipo de “coincidênc­ia” acontece em outros bairros também. Ele cita, ainda, bairros do distrito sanitário do Cabula/Beiru e a região do Rio Paraguari, no Subúrbio Ferroviári­o.

SMS relaciona escassez de água a infestação em bairros populares

TIPOS DE CRIADOURO

A esses três locais, a coordenado­ra do Programa de Combate à Dengue da capital, Isabel Guimarães, acrescenta outro: o distrito sanitário de São Caetano/Valéria. Segundo ela, nesses bairros, a maior parte dos criadouros verificado­s é de tanque e tonel a nível do solo – em torno de 40% a 50% do total. “Isso é um indicativo que as pessoas armazenam água. Por isso, fazemos essa associação, de que esse abastecime­nto

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