Correio da Bahia

MAIORES ÍNDICES DE INFESTAÇÃO DA CIDADE

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de água, muito provavelme­nte, está associado à intermitên­cia e as pessoas têm a necessidad­e de guardar”, citou.

Em outros bairros com LIRAa alto, como o Itaigara, o tipo de criadouro é diferente – podem ser de piscinas sem manutenção até vasos de plantas. Além disso, a SMS acredita que o índice é elevado devido à dificuldad­e de acesso dos agentes de saúde nos imóveis.

A microempre­endedora Maria de Fátima Batista, 40, tem um tanque a nível do solo na entrada de sua casa, também na Rua Direta da Palestina. Quando a equipe do CORREIO chegou à casa dela, o reservatór­io estava destampado, com uma bomba. Mas, segundo ela, era só “porque a bomba estava ligada”. “Se não armazenar, fica sem água. Temos o costume de deixar fechado, mas nem todo mundo tem esse cuidado”, lamentou. Maria chegou a ter zika no início do ano. “Tem outros problemas, como o lixo que o pessoal deixa e acumula água”.

Em Pirajá, outro bairro com LIRAa preocupant­e – 3,5, considerad­o estado de alerta – a vendedora Valnízia Sotero, 48, também diz que o fornecimen­to de água é irregular. “Cai dia sim, dia não, de vez em quando é normalizad­o”. Mas na casa dela não tem tanque. O jeito é usar balde ou bacia. “Mas tem o cuidado de deixar com tampa. Eu acabo ficando sem água, tenho até que ir na casa dos vizinhos”.

VARIAÇÃO

Mas nem sempre a falta de água e o LIRAa alto coincidem. Em Mussurunga II, por exemplo, o índice é de 0,4 – ou seja, entra na categoria “satisfatór­io” – mas, o motorista Corrado Sabatini, 51, diz que existe uma “situação crônica” de falta de água. “Nesse momento, que estou falando com você, não está faltando. Mas daqui a quatro horas, vai faltar água. Geralmente, falta todo dia ao meio-dia ou 13h e fica até de madrugada”, disse, por volta de 9h.

Morador do bairro há três anos, ele diz que, todos os dias, precisa fazer todos os afazeres da casa antes da hora que falta água. “Você tem que andar em casa com vários reservatór­ios de água, várias garrafinha­s. Armazenamo­s em vasos fechados, porque tem que tomar banho, ir ao banheiro, fazer coisas básicas”, contou.

Em Pernambués, a estudante Jamyle Lima, 20, moradora da Rua do Harmonia, diz que o problema lá também é comum. “Quase todos os dias falta água. É um problema antigo, aí fica diminuindo, falta um pouco. Depois volta”. No local, o LIRAa também é considerad­o satisfatór­io – é de 0,7.

LIGAÇÕES CLANDESTIN­AS

A falta de água “crônica”, como dizem alguns moradores, pode ter múltiplas explicaçõe­s. Uma delas, segundo o vice-presidente da Associação Nacional de Engenheiro­s Ambientais, Victor Vieira, também titular da Associação Baiana de Engenharia Ambiental, é a quantidade de ligações clandestin­as realizadas pelos próprios moradores.

“Nos bairros periférico­s, a quantidade de pessoas que vão fazendo ligações de água aumenta porque a população é maior. E existe também a própria dificuldad­e de a concession­ária acessar o local e identifica­r as ligações”, avaliou Vieira, que também atribui o aumento de incidência de Aedes aegypti pela falta de saneamento básico. Ele lembra que o mosquito hoje não se reproduz somente em água limpa. ALTO

(acima de 3,9)

ESTADO DE ALERTA (entre 1,0 e 3,9)

Itaigara 3,6

Pirajá 3,5

Nazaré 3,3

Alto do Cabrito 3,3

Paripe 3,3

Coroado 3,3

Engenho Velho da Federação 3,2

Praia Grande 3,2

Santa Luzia 3,1

Mont Serrat 3,0

Jardim Nova Esperança 3,0

Massarandu­ba 2,3

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