Personagens ajudam a entender contextos históricos
Os quadrinhos de Mafalda, Calvin e Haroldo, Charlie Brown e Hagar, o Horrível, são recorrentes na vida de quem busca uma vaga na universidade ou para passar num concurso público. Com temas que passeiam por ecologia, valores morais e política, entre outros, as tirinhas são ainda registros históricos de cada época.
Criada em 1964 pelo argentino Quino, a personagem Mafalda questiona problemas da América Latina, voltando-se contra injustiças sociais. Ela “nasceu” no contexto da Guerra Fria e Guerra do Vietnã e traz diversas problematizações do período.
A criação do personagem Capitão América também traz consigo um contexto histórico de tempos pouco pacíficos. Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, surge das mãos de Joe Simon e Jack Kirby, um super-herói vestido com a bandeira norte-americana que promete “apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania” dos regimes totalitários, como apresentou uma questão do Enem em 2012. O exame trouxe a capa da primeira edição da HQ, publicada pela atual Marvel Comics, na qual o super-herói luta com o ditador alemão Adolf Htiler, simbolizando a vitória dos EUA sobre a Alemanha nazista.
Para o pesquisador Gutemberg Cruz, os quadrinhos são fontes históricas para quem deseja entender quais eram as críticas feitas às sociedades do passado. “A crítica da época estará nos cartuns de folhetins e jornais que retratavam a sociedade. Os caricaturistas fa-
2. Capitão America (Joe Simon e Jack Kirky) Capa da primeira edição do HQ, publicado pela Marvel Comics, foi cobrada na prova de 2012 ziam sátira ao governo de Dom Pedro II, às diferenças entre as vestimentas dos escravos e madames, além das desigualdades entre as classes altas e baixas”, explica ele.
Na última edição do Enem, um cartum do baiano Gilmar Barbosa foi utilizado na prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias para abordar a inclusão social de pessoas portadoras de necessidades especiais nas democracias contemporâneas no desafio da universalização de direitos e reconhecimento de diferenças.
Embora sejam mais frequentes nas provas de Humanas e Linguagens, os quadrinhos também aparecem como apoio nas propostas de Redação. “O Enem trabalha habilidades e esse tipo de recurso dá oportunidade de o estudante ser cobrado além das regras semânticas e gramaticais. Cobram a capacidade de notar a utilização da linguagem e de entender funções dela dentro de uma percepção de mundo”, diz o professor Lucas Rocha.