24h Dono de pousada assassinado na frente do filho
ILHA DE ITAPARICA Dono da Pousada Village Itaparica, Sifredo Dias Almeida, 70 anos, foi assassinado com dois tiros por volta das 6h30 de ontem após dois homens armados entrarem na hospedaria, onde ele trabalhava e morava com um filho, no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. De acordo com informações da Polícia Civil, um ex-funcionário é o principal suspeito de assassinar Sifredo na frente do filho de 11 anos. No momento do crime havia dois hóspedes na pousada, que fica na localidade de Barra Grande e também funciona como um restaurante — os hóspedes já prestaram depoimento à polícia sobre o caso. De acordo com informações obtidas pelo CORREIO, Manoel, o ex-funcionário e suspeito, e um comparsa, identificado apenas como Joaquim, tiveram acesso à pousada após atravessarem um matagal. Conforme a investigação, eles ainda pularam um muro nos fundos para ter acesso aos quartos. O principal suspeito, que tem cerca de 20 anos, é de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo, e trabalhou no local após sua mãe falar com Sifredo para aceitá-lo como funcionário. Manoel, no entanto, acabou demitido após ser flagrado fumando maconha na pousada, conforme o CORREIO apurou. Na ocasião, ele teria tentado atacar Sifredo, que estava armado e conseguiu evitar um confronto. De acordo com a polícia, ontem, após invadir o local, Manoel e Joaquim foram para o quarto de número 2, onde a vítima residia com o filho. A criança estava na cama quando os suspeitos entraram no quarto e Sifredo estava na cozinha externa. Ao voltar para o quarto, o dono da pousada se deparou com os dois homens armados. Manoel, então, questionou pela arma de Sifredo, que afirmou não estar em posse dela. Logo em seguida, ele disparou contra a vítima, atingindo-lhe o pescoço. “Atirou sem pestanejar, de forma fria. Ele (Manoel) sabia que se deixasse a vítima viva, ela iria atrás, por ser uma pessoa tida como de temperamento muito forte”, comentou o delegado Geovane Paranhos, titular da 24ª Delegacia (Vera Cruz). Um parente de Sifredo, que preferiu não se identificar, lamentou a situação. “Ele trabalhou anos e anos para construir esse patrimônio. Saiu da Bahia com 18 anos e foi trabalhar em Brasília, indo e vindo, juntando dinheiro para construir esse patrimônio”, declarou. A vítima ainda estava no chão quando recebeu um segundo disparo, dessa vez no tórax, também sob o olhar da criança. Sifredo morreu no local do crime. Após o assassinato, a dupla fugiu levando dois pequenos cofres de dinheiro e um carro da marca Chery. Segundo a Polícia Civil, imagens do circuito interno de segurança da pousada estão sendo analisadas. O crime é apurado como latrocínio — roubo seguido de morte. “Pelo depoimento do filho, (o crime) foi em razão da arma”, afirmou Paranhos. O delegado comentou ainda que a vítima não tinha porte de armas e que não há registro anterior de assalto à pousada. Há oito meses, Sifredo ganhou na Justiça o terreno que fica ao lado da hospedaria, avaliado em R$ 200 mil. O dono do local havia vendido a área para ele e para outra pessoa. A informação é de um sobrinho da vítima, que não quis se identificar. Ainda segundo o familiar, Sifredo e o antigo proprietário do terreno possuíam desavenças. Um familiar informou ainda que Sifredo era viúvo há cinco anos e deixa cinco filhos. A criança que presenciou o crime era adotada. “Uma filha mora nos Estados Unidos e está vindo pra cá. O enterro seria hoje (ontem), mas, a pedido da família, foi adiado”, afirmou. O sepultamento está previsto para hoje, em Camassandi, distrito de Jaguaripe, no Recôncavo, em horário não divulgado.