Correio da Bahia

24h Dono de pousada assassinad­o na frente do filho

- BRUNO WENDEL

ILHA DE ITAPARICA Dono da Pousada Village Itaparica, Sifredo Dias Almeida, 70 anos, foi assassinad­o com dois tiros por volta das 6h30 de ontem após dois homens armados entrarem na hospedaria, onde ele trabalhava e morava com um filho, no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. De acordo com informaçõe­s da Polícia Civil, um ex-funcionári­o é o principal suspeito de assassinar Sifredo na frente do filho de 11 anos. No momento do crime havia dois hóspedes na pousada, que fica na localidade de Barra Grande e também funciona como um restaurant­e — os hóspedes já prestaram depoimento à polícia sobre o caso. De acordo com informaçõe­s obtidas pelo CORREIO, Manoel, o ex-funcionári­o e suspeito, e um comparsa, identifica­do apenas como Joaquim, tiveram acesso à pousada após atravessar­em um matagal. Conforme a investigaç­ão, eles ainda pularam um muro nos fundos para ter acesso aos quartos. O principal suspeito, que tem cerca de 20 anos, é de Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo, e trabalhou no local após sua mãe falar com Sifredo para aceitá-lo como funcionári­o. Manoel, no entanto, acabou demitido após ser flagrado fumando maconha na pousada, conforme o CORREIO apurou. Na ocasião, ele teria tentado atacar Sifredo, que estava armado e conseguiu evitar um confronto. De acordo com a polícia, ontem, após invadir o local, Manoel e Joaquim foram para o quarto de número 2, onde a vítima residia com o filho. A criança estava na cama quando os suspeitos entraram no quarto e Sifredo estava na cozinha externa. Ao voltar para o quarto, o dono da pousada se deparou com os dois homens armados. Manoel, então, questionou pela arma de Sifredo, que afirmou não estar em posse dela. Logo em seguida, ele disparou contra a vítima, atingindo-lhe o pescoço. “Atirou sem pestanejar, de forma fria. Ele (Manoel) sabia que se deixasse a vítima viva, ela iria atrás, por ser uma pessoa tida como de temperamen­to muito forte”, comentou o delegado Geovane Paranhos, titular da 24ª Delegacia (Vera Cruz). Um parente de Sifredo, que preferiu não se identifica­r, lamentou a situação. “Ele trabalhou anos e anos para construir esse patrimônio. Saiu da Bahia com 18 anos e foi trabalhar em Brasília, indo e vindo, juntando dinheiro para construir esse patrimônio”, declarou. A vítima ainda estava no chão quando recebeu um segundo disparo, dessa vez no tórax, também sob o olhar da criança. Sifredo morreu no local do crime. Após o assassinat­o, a dupla fugiu levando dois pequenos cofres de dinheiro e um carro da marca Chery. Segundo a Polícia Civil, imagens do circuito interno de segurança da pousada estão sendo analisadas. O crime é apurado como latrocínio — roubo seguido de morte. “Pelo depoimento do filho, (o crime) foi em razão da arma”, afirmou Paranhos. O delegado comentou ainda que a vítima não tinha porte de armas e que não há registro anterior de assalto à pousada. Há oito meses, Sifredo ganhou na Justiça o terreno que fica ao lado da hospedaria, avaliado em R$ 200 mil. O dono do local havia vendido a área para ele e para outra pessoa. A informação é de um sobrinho da vítima, que não quis se identifica­r. Ainda segundo o familiar, Sifredo e o antigo proprietár­io do terreno possuíam desavenças. Um familiar informou ainda que Sifredo era viúvo há cinco anos e deixa cinco filhos. A criança que presenciou o crime era adotada. “Uma filha mora nos Estados Unidos e está vindo pra cá. O enterro seria hoje (ontem), mas, a pedido da família, foi adiado”, afirmou. O sepultamen­to está previsto para hoje, em Camassandi, distrito de Jaguaripe, no Recôncavo, em horário não divulgado.

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EVANDRO VEIGA Dois hóspedes estavam na pousada, em Barra Grande, na hora do crime

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