Vida
A carioca Ana Maria Machado, 74 anos, é a homenageada da Flica deste ano, que acontece até amanhã. Ontem, ela participou de bate-papo com o público, para falar sobre sua história, em uma conversa mediada pela professora de Letras Mônica Menezes. Vencedora do Prêmio Jabuti por três vezes, Ana Maria ganhou também o mais importante prêmio da literatura infantojuvenil mundial: o Hans Christian Andersen, pelo conjunto da sua obra. Para o público mirim, escreveu clássicos como Menina Bonita do Laço de Fita e História Meio ao Contrário.
Durante a ditadura, ela não escapou da sanha dos militares e foi mantida presa por dois dias: “Nunca disseram por que fui presa, mas eu dava aula em universidades e fazia parte de movimentos ativistas de oposição. Fiquei detida por dois dias porque, na verdade, eles queriam saber outras coisas”. Receosa, a escritora, que ia começar o doutorado, acabou indo para a França, onde estudou sob orientação de Roland Barthes (1915-1980), um dos maiores filósofos e linguistas do século passado.
Em seu retorno ao Brasil, retornou às redações dos jornais, onde já havia trabalhado antes do exílio. Paralelamente, se dedicou à literatura adulta e à infantojuvenil e chegou a ter, por 18 anos, uma livraria para crianças, o que, talvez, tenha contribuído para alimentar o rótulo de “escritora infantil”.