Correio da Bahia

Agenda vermelha

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Se depender da atividade econômica, o Banco Central terá mais motivos para cortar os juros amanhã. Segundo projeções de bancos e consultori­as, o IBGE deve divulgar uma nova queda do comércio, hoje, e na quinta-feira deve vir negativo o índice IBC-Br, do próprio BC. Além disso, espera-se nova redução nos empregos formais, esta semana. No mercado futuro, 100% dos contratos apostam na queda da Selic.

Segundo levantamen­to da corretora Mirae Asset, 65,5% dos contratos do mercado futuro já são negociados com um corte de 0,25 ponto na reunião de amanhã. Os 34,5% restantes estimam uma queda maior, de meio ponto. Na avaliação do professor da

PUC-Rio Luiz Roberto Cunha, as condições para a queda dos juros já estão dadas e a redução do preço dos combustíve­is pode levar a inflação acumulada em 12 meses ao teto da meta, 6,5%, já em janeiro.

— O pior do choque dos alimentos passou, o governo mostrou força ao aprovar o teto fiscal, e a atividade econômica continua fraca. Com as revisões mensais dos combustíve­is, a convergênc­ia da inflação pode ser mais rápida — afirmou.

A avaliação é a mesma do economista Alexandre de Ázara, sócio da Mauá Investimen­tos, que estima corte de meio ponto na Selic, hoje em

14,25%. Ele acredita que os juros vão cair não só pela fraqueza da atividade, mas também porque o modelo do BC já aponta inflação abaixo do centro da meta no ano que vem, em 4,4%. Os dois maiores bancos privados do país, Bradesco e Itaú, também apostam no corte dos juros.

Pablo Spyer, diretor da Mirae, é mais cauteloso. Pondera que o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, tem um perfil conservado­r, e lembra que as projeções do mercado para o IPCA de 2017 estão em 5,04%, acima do centro da meta. Também há economista­s preocupado­s com o déficit fiscal, que vai continuar, apesar da aprovação do teto dos gastos.

A decisão do BC não é simples porque a inflação continua alta no acumulado de 12 meses, em 8,48%. Mas, se mantiver os juros, vai atrasar a recuperaçã­o, abalar a confiança, e impor ao governo mais gastos financeiro­s, que vão pressionar a dívida pública.

PETROBRAS DISPARA

Desde a mínima do ano, as ações PN da Petrobras quadruplic­aram de valor. Os papéis saíram de R$ 4,20 em 26 de janeiro para R$ 16,90, ontem. O valor de mercado da companhia foi de R$ 67,8 bi para R$ 231 bi, de acordo com dados da Bloomberg. A mudança de governo e a troca de comando na estatal foram fundamenta­is para a melhora na avaliação dos investidor­es. A recuperaçã­o do preço do petróleo, que saiu da casa de US$ 28 para US$ 51, também ajudou. RISCO PARA AS BOLSAS Investidor­es grandes estão preocupado­s com a desacelera­ção do PIB mundial e o aumento do tom do discurso contra o comércio mundial. Acham que essa resistênci­a contra a globalizaç­ão pode afetar o mercado de ações. O “Wall Street Journal” de ontem publicou matéria sobre a decisão de administra­dores de fundos de reduzir exposições em ações. A globalizaç­ão foi a grande alavanca desse mercado. O S&P 500 está hoje com um valor nove vezes maior do que em 1986, diz o jornal, citando o FactSet.

MAIS AZUL

De janeiro a setembro, o saldo comercial do Brasil com os Brics saltou de US$ 3,8 bi para US$ 12,6 bilhões sobre o mesmo período de 2015.

NO VERMELHO

Por causa da recessão, nossas importaçõe­s para países do grupo caíram 32%, enquanto as exportaçõe­s recuaram 3,4%.

CONFIANÇA

Com a alta de 1,5% ontem, o Ibovespa atingiu o maior patamar desde janeiro de 2013.

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miriamleit­ao@oglobo.com.br

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