Parlamentares do PT exigem novo comando e ameaçam deixar a sigla
RACHA NO PARTIDO Um grupo com cerca de 40 parlamentares do PT que integram cinco correntes minoritárias do partido, em sua maioria composto por deputados federais, decidiu ontem cobrar a troca da atual cúpula petista, sob ameaças de debandada da sigla. Batizado de “Muda PT”, o grupo resolveu convocar um encontro nacional nos dias 3 e 4 de dezembro, para debater os rumos da legenda e exigir mudanças no comando.
“Nós não queremos individualizar a crítica nem estamos dando um ultimato, mas a ideia de que tudo o que sofremos vem do ataque da direita impede um debate crítico”, disse o secretário de Formação Política do PT, Carlos Henrique Árabe. Embora parlamentares que compõem o grupo argumentem, nos bastidores, que pode ocorrer nova debandada se não houver mudanças de práticas internas, Árabe minimizou o racha. “Queremos oxigenar o PT”, reafirmou.
Ao fim da plenária, realizada em Brasília, o grupo “Muda PT” aprovou uma declaração política, convocando os militantes do partido a ocuparem as ruas em defesa de um “grande e imediato” Congresso da sigla que seja capaz de apresentar nova estratégia e programa partidário, além de eleger outros direção nacional petista.
“A vida nos exige coragem e o que nos une é a disposição de mudar o PT. A atual maioria do partido, além de se negar a reagir à gravidade do momento que vivemos, quer limitar o debate partidário a realizar ou não um PED (Processo de Eleições Diretas). Nossos sonhos não cabem nesses artifícios burocráticos”, diz o manifesto. Preocupado com o princípio de rebelião interna, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou aos dirigentes das principais correntes do PT que não será candidato ao comando da legenda e está pedindo às tendências uma “repactuação” interna para superar a maior crise da história do partido.
Lula não esconde a apreensão com o racha e insiste na necessidade de deixar de lado disputas entre grupos, fazer uma autocrítica e assumir o papel de oposição “propositiva” ao governo do presidente Michel Temer (PMDB). A cúpula petista teme a possibilidade de prisão de Lula e acredita que o governo peemedebista orientou a Polícia Federal a “aniquilar” o PT.