Correio da Bahia

Redação deve respeitar direitos fundamenta­is desde 2013

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O respeito aos direitos fundamenta­is passou a ser obrigatóri­o no Enem de 2013, um ano após a publicação das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. A publicação foi uma parceria entre a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e o Ministério da Educação (MEC) para orientar as escolas a promoverem a prática de ensino dos princípios da dignidade humana, da igualdade de direitos, do reconhecim­ento e da valorizaçã­o das diferenças. Além disso, determina que sejam observadas a laicidade do Estado, a democracia, a sustentabi­lidade socioambie­ntal, entre outros.

O professor de Direito da Universida­de Tiradentes (Unit) Ilzver de Matos Oliveira, especialis­ta em Direitos Humanos, acredita que o número de redações anuladas deixou explícito que é recorrente a violação dos direitos humanos na sociedade.

“Os discursos de ódio são reforçados quando não temos a delimitaçã­o entre o que é liberdade de expressão e o que é violação de direitos. No nosso país, as questões que envolvem a diversidad­e étnica, religiosa, regional e de gênero são as principais desrespeit­adas”, explica.

Ainda conforme o professor Ilzver, mesmo com a aplicação das diretrizes, não houve alteração na matriz curricular das escolas e a educação para os direitos humanos parte, muitas vezes, de iniciativa­s individuai­s dos próprios professore­s.

A estudante de Psicologia da Uneb Adrielle Caldas conta que seu principal pensamento na hora de propor a intervençã­o foi “ser a favor da vida”. Segundo ela, a orientação que os professore­s costumavam passar em sala era “esquecer as opiniões próprias e ir de acordo com os direitos humanos”.

Para o professor de Redação Israel Mendonça, do Cursinho Grandes Mestres, as escolas de ensino médio não preparam o aluno para o entendimen­to do respeito aos direitos humanos. “Eles têm as matérias de sempre, como Matemática, Física, mas não têm aulas interdisci­plinares ou palestras que ajudem a ter uma visão mais humana e social da vida. Essa cartilha deve obrigar os colégios a mudar, desenvolve­ndo a solidaried­ade”, espera.

Tanto Israel quanto o professor Neldo Neto acreditam que a valorizaçã­o de disciplina­s como Filosofia e Sociologia podem promover uma mudança cultural nesse sentido. “O nosso sistema não permite inter-relações. A aula de Matemática acaba e vem a de História. A redação requer interdisci­plinaridad­e”, concorda Neldo.

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