Correio da Bahia

Um perigo que mora na sarjeta

- Tailane Muniz e Thiago Freire mais@correio24h­oras.com.br

Um homem trajando colete laranja levanta a tampa de uma boca de lobo em uma manhã ensolarada na Praça Ana Lúcia Magalhães, na Pituba. Outro usa um aparelho esquisito para sugar algo do bueiro. A cena inusitada é apenas uma ação de combate ao mosquito Aedes aegypti promovida pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), órgão da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). O aspirador, que serve para coletar os mosquitos transmisso­res da dengue, chikunguny­a e zika, ajuda pesquisado­res a identifica­r o peso que cada criadouro tem para a infestação de mosquitos daquela área. Até anteontem, 72 bocas de lobo tinham sido inspeciona­das e foram encontrada­s larvas em 14% delas.

A ação faz parte de um projeto piloto do CCZ, iniciado no último dia 11, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) e a Universida­de Federal da Bahia (Ufba). Até sexta-feira, os agentes do CCZ, acompanhad­os pelos pesquisado­res, vão coletar espécimes do Aedes aegypti e Aedes albopictus – os mosquitos transmisso­res das três arbovirose­s — em uma área que compreende os bairros da Pituba e do Itaigara.

O objetivo é capturar os espécimes, em forma adulta ou de larva, em qualquer área pública e também nos imóveis. Após a coleta, os pesquisado­res vão analisar a contribuiç­ão de cada criadouro para a reprodução dos mosquitos.

“Queremos entender o quanto é importante esse tipo de criadouro (bocas de lobo). Precisamos entender melhor a capacidade da produção em comparação a outros tipos, para que a gente possa fazer uma política pública voltada para esse criadouro”, explica o infectolog­ista Guilherme Ribeiro, pesquisado­r da FioCruz e da Ufba.

Para ele, pode ser preciso fazer uma atualizaçã­o no sistema de drenagem da cidade, pois bueiros mais novos não retêm água. “É uma intervençã­o de engenharia sanitária. Em uma cidade com o porte de Salvador, é um investimen­to grande. Por isso, precisamos ter uma informação mais sólida sobre as bocas de lobo”.

A coordenado­ra do CCZ, Isabel Guimarães, conta que os bueiros eram ocasionalm­ente tratados, em ações especiais antes e após festas populares. “Bocas de lobo são es-

Bueiros viram alvo de operação por esconder dengue: 14% contêm focos

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