Cautela nos juros
O Banco Central manteve a cautela com os juros, ao reduzir a Selic em apenas 0,25 ponto. O início do ciclo de cortes é um pequeno alívio para a economia, sufocada pela recessão e a inflação, mas terá pouco efeito sobre a atividade. No comunicado, o BC fez referência à queda menos intensa da inflação de serviços, e por isso alguns bancos e consultorias acreditam que o ritmo de cortes será mantido na próxima reunião. A Rosenberg Associados, em relatório, avisou que deverá mudar sua projeção de redução nos juros em novembro, de 0,5 ponto para 0,25 ponto. A Mauá Capital fez a mesma alteração. O economista Sérgio Vale, da MB Associados, já previa dois cortes de 0,25 ponto. Ele avalia que o BC ainda precisa ter mais certeza de que a inflação está mesmo em queda e que o Congresso vai aprovar o ajuste fiscal.
- Embora o governo tenha conseguido uma boa votação na aprovação da PEC do teto dos gastos, o projeto passou apenas em primeiro turno e se sofrer qualquer alteração no Senado terá que voltar para a Câmara. Além disso, o BC quer ter mais certeza de que a inflação está em queda e que o choque dos alimentos ficou para trás - afirmou. A economista Monica de Bolle, que lança hoje no Rio o livro "Como matar a borboleta-azul - uma crônica da era Dilma", defendia um ritmo mais intenso de redução da Selic, de meio ponto percentual. Ela não enxerga riscos de um aumento forte na concessão de empréstimos no país que possa impedir ou atrasar a convergência da inflação para a meta.
- A recessão é muito severa. A queda do PIB per capita nesses dois anos, em torno de 10%, pode levar até 10 anos para ser recuperada. A economia precisa que venha um alívio de algum lugar - afirmou. Mesmo com o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, ainda levará meses para que a redução chegue à economia real. Uma fonte de mercado diz que os índices de inadimplência estão mascarados pelas renegociações de dívida e que nem olhando balanço por balanço de cada instituição é possível saber o nível dos atrasos. Isso aumenta a desconfiança e dificulta o repasse dos cortes para os consumidores. VISÃO DE MERCADO
Segundo o economista Álvaro Bandeira, do Home Broker Modalmais, o Ibovespa caiu após a prisão de Eduardo Cunha porque há receio de que isso enfraqueça a coalizão que votará o ajuste fiscal. "Há certo temor de que Cunha, para preservar a família, possa fazer delação premiada e comprometer boa parte dos políticos que assessoram Temer", explicou. GANHO MAIOR
Na visão do cientista político Carlos Pereira, da FGV/Ebape, a prisão é mais um passo no fortalecimento institucional do país. "Mostra que temos instituições fortes, que estão cumprindo o seu papel. Isso é muito mais importante do que um eventual risco para o ajuste", afirmou. TÚNEL DO TEMPO
Com a queda em agosto, o setor de serviços voltou ao mesmo nível de janeiro de 2012.
QUALIFICAÇÃO
O país vai precisar qualificar 13 milhões de trabalhadores para a indústria entre 2017 e 2020, prevê o Senai. O desafio é grande. OPORTUNIDADES
Só a construção vai demandar a formação de 3,8 milhões profissionais. Meio ambiente e produção vêm em seguida, com 2,4 milhões.
QUEBRA DE SAFRA
Segundo a Scot Consultoria, a importação de milho no país aumentou 532% de janeiro a setembro, em relação ao ano passado.