Correio da Bahia

Caminhonei­ros digitais

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Existem ainda pessoas que conservam hábitos antigos, como marcar encontros para conversar, pessoalmen­te, ou telefonar para amigos e parentes. Mas, em um mundo cada vez mais conectado, onde muitos caçam monstros enquanto caminham para o trabalho, a comunicaçã­o passa obrigatori­amente pela tecnologia. No universo pesado das rodovias brasileira­s não é diferente. Caminhonei­ros, experiente­s e novatos, aceleram forte pela estrada virtual e mostram que o bom e velho rádio PX vai fazer companhia para o fax no fundo do armário.

Esses profission­ais foram, de certa forma, obrigados a se reinventar quando caminhões altamente tecnológic­os chegaram ao mercado nacional. Não bastava mais ser bom de braço, descer engrenado na marcha certa: agora, o caminhonei­ro tem que controlar sistemas avançados que tomam conta da operação do veículo. Muitas transporta­doras tiveram, e ainda têm, dificuldad­e para encontrar motoristas que estavam em linha com essas novidades. Montadoras também foram obrigadas a repensar a forma de se comunicar com esse caminhonei­ro digital.

Hoje temos que alcançar esse público onde eles estão, ou seja, na boleia. É lá que a mensagem deve chegar. A interação nas redes sociais vai além de compartilh­ar momentos ou pensamento­s com nossos amigos. Esse é um canal com muito poder de alcance, principalm­ente quando falamos em dispositiv­os móveis, como smartphone­s e tablets. Conexões wi-fi em postos de combustíve­is e redes 4G colocaram os rincões do país dentro do mapa digital. Com mais acesso à informação, os caminhonei­ros ganharam poder de barganha na hora de escolher um produto, um frete ou um amigo.

A Confederaç­ão Nacional do Transporte (CNT) traçou um perfil dos caminhonei­ros no início do ano. O resultado foi que aproximada­mente 70% dos entrevista­dos usam a internet para se comunicar, para se informar, para entretenim­ento ou para buscar fretes em aplicativo­s específico­s. Quase 90% o fazem por meio de dispositiv­os móveis. Esse movimento digital acontece fora do ambiente doméstico para cerca de 80% dos entrevista­dos.

O desafio é entender esse novo caminhonei­ro e produzir uma comunicaçã­o direta e eficaz. Seja por meio de aplicativo­s, de um blog, com prestação de serviços e entretenim­ento, ou com vídeos divulgados em canais, como Youtube e Facebook, a marca que não acompanhar esse movimento ficará estacionad­a no acostament­o do esquecimen­to. Comunicar é mostrar algo para alguém, sendo que o receptor tem em suas mãos o poder de decisão, se aceita ou não ser impactado. O contato contínuo com os caminhonei­ros faz com que tenhamos ferramenta­s para analisar esse público e produzir peças e campanhas que alcancem os objetivos da empresa.

Não basta apenas tentar vender uma ideia. A comunicaçã­o com o caminhonei­ro envolve a parceria das estradas, coloca a marca e o motorista lado a lado nas viagens. Relacionam­ento e experiênci­as valem muito mais do que slogans e promoções. Credibilid­ade é a palavra-chave.

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