Correio da Bahia

Polícia tem elementos para fazer retrato falado

-

pele e espetou meu ombro, mas não chegou a injetar nada”, disse.

Conforme a vítima, o homem correu no meio da multidão e entrou em outra loja. “Não vi o rosto, não vi roupa, nada. Foi muito rápido”, comentou. Uma colega de trabalho que estava no momento disse que também não viu o homem e, na hora, se preocupou em dar socorro porque a amiga estava nervosa. “Ficou desesperad­a e a reação dela foi chorar”, afirmou. A vítima disse ainda que foi liberada do trabalho ontem e hoje para fazer os procedimen­tos necessário­s.

MAIS CASOS

Apesar de a Sesab confirmar a existência de dez vítimas, nem todas elas prestaram queixa à polícia. O CORREIO teve acesso a seis casos registrado­s em delegacias. Segundo a TV Bahia, outros dois casos ocorreram ontem. Um deles de uma mulher que teria sido espetada em São Cristóvão. Ao evitar que a filha pequena fosse ferida, ela acabou sendo a vítima. O outro caso é de um homem que conta ter sido atacado na Avenida Sete de Setembro.

Os casos de ataque com seringa começaram no dia 18 de setembro, quando o motorista de ônibus Edson dos Santos Melo, 40, foi ferido enquanto trabalhava no Largo da Madragoa, na Ribeira. Ele também registrou queixa na 3ª Delegacia e contou que ao parar o coletivo em um ponto foi perfurado na região da face por um desconheci­do. “O cara entrou pela frente e, antes de passar o torniquete, me atacou e desceu”, relatou. Ele está debilitado devido aos efeitos colaterais do coquetel de remédios. “Me deram medicament­os para hepatite, tétano e HIV. Vou tomar 28 dias”.

Um soldado do Exército denunciou um caso parecido. Ele foi espetado no dia 7, quando caminhava na Avenida Joana Angélica, por volta das 12h30, após sair do trabalho, no Quartel da Mouraria. A vítima foi atacada no momento em que ele e o criminoso se cruzaram. “Ele disse que sentiu uma fisgada no braço e se desesperou quando viu a blusa manchada de sangue. Em seguida, viu o bandido correndo e segurando uma seringa”, disse a mãe do rapaz.

TEMOR

O terceiro caso registrado foi na terça-feira passada, envolvendo a operadora de caixa Eliana dos Santos Pires, 41, também na Ribeira. Ela estava em um ponto de ônibus, encostada em um poste, quando sentiu uma ferida nas nádegas. Ao olhar para trás, viu um homem negro se afastando do local, sorrindo, e com uma seringa na mão.

Segundo a vítima descreveu, ele usava uma camisa listrada nas cores branca e azul. “O ponto tava cheio de crianças. Eu tava encostada no poste e senti a picada. Senti as pernas dormentes e o local dolorido”.

Uma estudante de 12 anos também foi atacada na manhã de quarta-feira, também na Ribeira, agora na Rua Aníbal da Silva Garcia. De acordo com a delegada Ana Virgínia Paim, a estudante estava na companhia de uma colega, quando um homem negro, de estatura baixa e de porte atlético, espetou seu braço esquerdo e em seguida fugiu. Os três casos na Ribeira mudaram a rotina de moradores e chegaram a cancelar atividades em uma escola, por conta do medo de novos ataques. O cerco ao maníaco da seringa está se fechando, garante a polícia. O Departamen­to de Polícia Metropolit­ana (Depom) da Polícia Civil informou, ontem, que um retrato falado do suspeito — ou de um dos suspeitos — será feito em breve. “A maioria das vítimas não tem uma descrição precisa. Mas localizamo­s uma delas que pode nos ajudar na elaboração de um retrato falado. Vamos encaminhá-la para fazer o retrato falado”, disse o delegado Carlos Habib, diretor em exercício do Depom. Habib disse que a polícia também busca imagens de câmeras de segurança.

Ontem, o Depom informou que disponibil­izou uma equipe que irá se deslocar até as unidades de saúde para entrevista­r pessoas que procuram atendiment­o médico após ter sido feridas em ataques do maníaco. Agora, as próprias unidades de saúde, assim que receberem as vítimas, deverão entrar em contato com a polícia, que deslocará o grupo imediatame­nte. As medidas são para intensific­ar as buscas pela autoria dos ataques com seringas registrado­s na cidade, nas últimas semanas.

“Não se trata de uma força-tarefa. Cada delegacia vai tocar sua investigaç­ão em separado. Mas queremos fazer circular as informaçõe­s com mais agilidade. E a nós do Depom, temos interesse em contribuir nas investigaç­ões”, disse Habib, que acredita na existência de mais de um maníaco. “Das caracterís­ticas que surgiram, existe uma divergênci­a de caracterís­ticas. A gente não pode descartar nenhuma informação. Pode haver um imitador dos primeiros casos, por exemplo. Essa possibilid­ade é real”, diz. “Enquanto não se chegar à conclusão de que é apenas um maníaco, não vamos concentrar as investigaç­ões”, concluiu.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil