Correio da Bahia

HUMANIZAND­O O MITO

- Laura.fernandes@redebahia.com.br

Um dia antes de ser assassinad­o na varanda do quarto 306, do Hotel Lorraine, em Memphis, o pastor protestant­e e ativista político americano Martin Luther King Jr. fez seu último sermão. Quase 50 anos depois, o cenário volta à cena no espetáculo O Topo da Montanha para eternizar o último grande discurso do Nobel da Paz e defensor dos direitos civis, cuja morte, aos 39 anos, chocou o mundo.

Mas, antes de entrar na tragédia, a comédia pede passagem na peça que chega ao Teatro Castro Alves nos dias 29 e 30, com ingressos apenas para a sessão extra. Dirigida pelo baiano Lázaro Ramos, produzida e protagoniz­ada por ele e pela atriz carioca Taís Araujo, a peça usa o humor para tratar de temas difíceis. Entre eles, a segregação racial que marcou a época e provocou o linchament­o de 5 mil negros, só no sul dos Estados Unidos, entre 1883 e 1959.

Bom, o humor surge pelo menos no primeiro momento. “Começa com uma comédia, quase uma comédia romântica, aí quando as pessoas estão bem acomodadas, ela vai e pega todo mundo pelo coração”, entrega Taís Araújo, 37 anos . A atriz foi indicada ao Prêmio Shell por sua atuação na peça escrita pela americana Katori Hall que estreou em Londres, em 2009, e ganhou versão na Broadway, em 2011.

Na versão brasileira, traduzida por Silvio José Albuquerqu­e e Silva, Lázaro e Taís, casados há 12 anos, interpreta­m Martin Luther King e a misteriosa e bela camareira Camae, que conhece o líder americano em seu primeiro dia de trabalho no hotel onde está hospedado. Em uma das cenas, ela chega a oferecer um café com whisky para Luther King, porque “isso aqui é o que os irlandeses chamam de xarope contra a tosse”, justifica a personagem, enquanto arranca risos da plateia.

“O humor como entrada facilita muito a segunda parte do espetáculo, que é um drama, falando de temas dolorosos e políticos. Dessa forma, o espetáculo atrai um público ainda maior e todos os espectador­es se sentem motivados a enfrentar essa luta pelo respeito e pela igualdade, que é a luta justa”, acredita Lázaro Ramos, 37, sobre o espetáculo dividido em dois momentos. Os atores Lázaro Ramos e Taís Araújo trazem a Salvador a elogiada peça O Topo da Montanha, que fala de temas importante­s, como a luta pelo respeito e pela igualdade, a partir de um encontro ficcional entre uma camareira e o líder americano

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