Temer age para evitar crise entre a cúpula do Congresso e o Supremo
OPERAÇÃO MÉTIS O presidente Michel Temer (PMDB) entrou em campo para evitar o agravamento da crise entre os poderes Legislativo e Judiciário, deflagrada após as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra a decisão judicial que autorizou buscas e apreensões na Casa. A princípio, Temer tentou agendar reunião para hoje com Renan e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia. Contudo, a ministra do STF informou que não participará do encontro por falta de espaço na agenda. No início da manhã de ontem, a presidente do Supremo endureceu o tom ao rebater as críticas de Renan ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília. “Onde um juiz for destratado, eu também sou”, declarou. Cármen Lúcia declarou ainda que o Judiciário exige respeito dos demais poderes da República.
O juiz federal autorizou na última sexta-feira a prisão de quatro policiais do Senado e o cumprimento de busca e apreensão na sede da Polícia Legislativa no Congresso Nacional. Anteontem, o presidente classificou a operação como ato “fascista” e chamou Oliveira de “juizeco”. Durante sessão do Conselho Nacional de Justiça, ontem, Cármen Lúcia disse que “não é admissível que qualquer juiz seja diminuído ou desmoralizado fora dos autos”. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Renan evitou criar polêmicas em torno das declarações da presidente do STF. “Concordo com ela, tenho consideração e respeito pela ministra, que tem todas as virtudes para conduzir o Judiciário neste momento delicado do país. Mas avalio que faltou a condenação da usurpação da competência do Supremo pela (Justiça) de primeira instância”, afirmou. “Ela fez o que lhe cabe, defender o Judiciário, e eu fiz o que me cabe, defender o Legislativo”, emendou. Em defesa de Renan, o presidente da Câmara afirmou ontem que o juiz tomou uma “decisão equivocada” ao autorizar a Operação Métis contra a Polícia do Senado. Após a manifestação de Rodrigo Maia, líderes de partidos da base e da oposição na Casa divulgaram nota em apoio à decisão de Renan de apresentar queixa ao Supremo contra a ação da PF. Apenas PSDB, DEM, PPS, PSB, Rede e PSOL não assinaram o documento.