Executivo dá novo depoimento e aumenta indícios contra Lula
DELAÇÃO PREMIADA A força tarefa da Operação Lava Jato recebeu novas informações sobre a relação entre o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva e a empreiteira Odebrecht. As informações foram passadas por um ex-executivo da empresa que negocia acordo de delação premiada com a força-tarefa e dizem respeito a reformas no sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, e às viagens feitas pelo ex-presidente a países da África custeadas pela empreiteira. Segundo a edição de ontem do jornal Folha de São Paulo, um dos executivos da empresa mais próximos ao ex-presidente, na iminência de ter o acordo de delação negado, deu um novo depoimento, no qual apresentou elementos de que a empresa favoreceu pessoalmente o ex-presidente. Foram dois depoimentos dados em Curitiba, nos quais, segundo avaliação dos membros do Ministério Público Federal que integram a Lava Jato, o ex-executivo estava protegendo Lula. No último depoimento, dado em Brasília no último dia 18, o executivo deu novas versões sobre o sítio - onde teria atuado pessoalmente nas reformas a pedido de Lula- e as viagens e, assim, os procuradores sinalizaram que vão aprovar os termos do acordo de delação. Dessa forma, ele fará parte do grupo de 50 executivos da empreiteira que negociam em conjunto acordos de redução de penas com o Ministério Público Federal. Segundo as investigações, o ex-executivo atuou na reforma do sítio de Atibaia e, em sua proposta de delação, ele relata fatos sobre a reforma após a saída de Lula do Palácio do Planalto. O sítio usado por Lula foi reformado em um consórcio informal realizado pela Odebrecht, OAS e o pecuarista José Carlos Bumlai – o consórcio bancou a construção de um anexo e quatro suítes. As obras iniciaram quando Lula ainda estava na Presidência da República, o que pode ser considerado crime de corrupção. No depoimento prestado em Brasília, o ex-executivo relata também pagamentos e interesses da empreiteira em receber apoio do ex-presidente. Ele foi um dos principais companheiros de Lula em viagens pela África, Angola, Cuba, Panamá e Peru. Em nota, o Instituto Lula diz que “a defesa do ex-presidente já entrou com pedido de investigação na Procuradoria Geral da República sobre mudança de versões em duas tratativas de delação pelo risco de coação pelos investigadores para obterem versões contrárias ao ex-presidente, e pela perda do princípio da voluntariedade”. Ainda segundo a nota, “se delações não são provas, apenas meio de investigação, mais irrelevantes ainda são supostas delações”. A Odebrecht não quis se pronunciar.