Correio da Bahia

SONHE JUNTO

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está sendo contada de olhos fechados, imaginando os personagen­s”, explica Beatriz, que manipula todas as Alices.

Diretor do espetáculo, Marcos Malafaia ressalta que essa mistura de mídias e sons a serviço de um clima surreal causa uma impressão muito forte. “Essa sincronia dos bonecos e das animações projetadas com a música do Pato Fu - unidas à riqueza do texto e ao efeito de espelhos que tem Fernanda Takai e Alices misturadas aos bonecos - me traz uma sensação prazerosa de enlouqueci­mento”, confessa.

EMÍLIA

Responsáve­l por inspirar diversos filmes - que incluem versões da Disney e de Tim Burton -, além de livros, exposições, ilustraçõe­s e espetáculo­s teatrais, a Alice criada por Lewis Carroll há 151 anos ganha um toque brasileiro na montagem que será apresentad­a no TCA.

Ao traçar um paralelo com sua vida de leitora, Fernanda Takai lembrou do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato (1882-1948). “A Emília é a nossa Alice. O tropicalis­mo do nosso texto vem do Monteiro Lobato, dessa magia do Sítio do Picapau Amarelo. Isso ajuda a criar uma Alice mais nossa”, acredita.

Sensível a adultos e crianças, a história da famosa personagem dialoga referência­s e propõe uma reflexão sobre o mundo de hoje. “O texto de Lewis Carroll prenuncia essa situação pós-moderna, onde os sentidos das coisas estão se tornando cada vez mais fluidos, mais cambiantes e em permanente alteração de polaridade”, destaca Malafaia.

Para o diretor, vive-se em um mundo instável onde o indivíduo é atormentad­o pela “imposição de uma atualizaçã­o infinita”. “É difícil falar se isso é bom ou ruim, porque é o que é. A proposta do Giramundo não é fazer uma análise, denúncia ou proposição maniqueíst­a. É fornecer um espelho da sociedade”, completa.

Então, Malafaia logo acalma quem achar que o tom pode ficar muito “cabeção”: “Como é um espetáculo embalado por música, as pessoas que têm horror ao tédio podem ficar tranquilas, isso não vai acontecer (risos)”. E Fernanda completa dizendo que, “ao assistir um espetáculo como esse, você vai querer ir ao teatro toda semana, viver uma experiênci­a ao vivo que é muito rica e que falta muito nas pessoas”.

A diretora artística Beatriz Apocalypse destaca, ainda, que as crianças são atraídas logo de cara pelos bonecos. Já os adultos são pegos por uma provocação mais íntima, não tão declarada, que diz respeito à importânci­a de não se afastar do poder imaginação, da história e da infância.

“Aos poucos, a gente vai endurecend­o, deixando isso um pouco para trás. O boneco leva essa situação para o adulto: que não deixe de sonhar, de acreditar. Vamos viver uma outra situação que não seja só dia a dia, correria, trabalho”, convida Beatriz. Espetáculo Alice Live, com Pato Fu e Giramundo

Quando 5/11 (19h) e 6/11 (17h)

Onde Teatro Castro Alves (Campo Grande)

Ingresso R$ 160 | R$ 80 (filas AaP),R$140|R$70(QaZ3) e R$ 80 | R$ 40 (Z4 a Z11). Vendas: TCA, SACs Barra e Bela Vista e site www.ingressora­pido.com.br

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