Correio da Bahia

Se afogando com o nado cachorrinh­o

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Não sei se você, caro leitor ou bela leitora, está acompanhan­do o caso do nado cachorrinh­o. É aquela investigaç­ão do Ministério Público Federal (MPF) que encontrou maracutaia­s transborda­ndo da Confederaç­ão Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), comandada há 28 anos por Coaracy Nunes.

Apelidei a operação de Nado Cachorrinh­o porque, dentre os muitos malfeitos investigad­os, descobriu-se que a confederaç­ão realizou uma licitação “mandrake” para comprar equipament­os para os atletas. Só que a empresa vencedora da licitação é, na verdade, um pet shop.

Esta semana, para alívio (só um pouco) de quem não suporta ver a sujeira tão comum aos dirigentes esportivos brasileiro­s, a Justiça Federal de São Paulo limou Coaracy Nunes do cargo. Mandou pastar, até segunda ordem, e determinou que o Ministério do Esporte indique pessoas idôneas para ocupar os cargos de presidente e de diretor financeiro da entidade.

Um parêntese importante: nessa hora a gente lembra que o Ministério do Esporte é comandado por Leonardo Picciani (PMDB), acusado por uma delatora da Operação Lava Jato de superfatur­ar até preço de vaca - isso mesmo, vaca - e responsáve­l por nomear Gustavo Perrella como secretário Nacional de Futebol. Perrella, pra quem não sabe, é dono daquele helicópter­o flagrado pela Polícia Federal em 2013 com mais de 400 quilos de cocaína. Lembrou? Pois é, ele está solto e é pago com nosso dinheiro. Dá pra acreditar numa boa nomeação partindo deste ministério? Fecha parêntese. Na liminar em que determina o afastament­o de Coaracy Nunes e mais três diretores da CBDA, o juiz Heraldo Garcia Vita anota o seguinte: “Causa estranheza, fere o bom senso, a ocorrência de sucessivas eleições na associação, com recondução da mesma pessoa desde 1988. Com o perdão da palavra, em vez de haver democracia na CBDA, parece haver monarquia institucio­nalizada, consolidad­a por conta da perpetuida­de na função”. As investigaç­ões mostram que, durante a “monarquia institucio­nalizada”, Nunes chegou a reter até mesmo uma premiação de R$ 66 mil que a Federação Internacio­nal enviou para os atletas da seleção masculina de polo aquático, que ficou em terceiro lugar numa competição na Itália. Os jogadores nunca viram a cor do dinheiro. Somente entre 2013 e 2015, a CBDA teve uma receita de mais de R$ 120 milhões, sendo que boa parte desse total foi dinheiro público, pois a principal fonte de recursos da entidade é o patrocínio dos Correios. Mesmo assim, na Olimpíada do Rio, o Brasil só ganhou uma medalha na água, o bronze de Poliana Okimoto na Maratona Aquática.

Agora, Coaracy Nunes começa a se afogar com o nado cachorrinh­o que ele mesmo estabelece­u como regra. Precisa saber é se alguém vai se dar ao trabalho de jogar uma boia pra ele.

Coaracy Nunes chegou a reter uma premiação

de R$ 66 mil que a Federação Internacio­nal enviou para os atletas da seleção masculina

de polo aquático

CHAPAS RUBRO-NEGRAS

Já não é mais segredo que o grupo que comanda o Vitória há anos rachou. Egos inflados, picuinhas, vaidade, manobras inconfessá­veis, deu no que deu: em dezembro, o bate-chapa vai colocar em lados opostos conselheir­os que ainda apoiam o presidente Raimundo Viana (é inacreditá­vel, mas eles existem) e conselheir­os que apoiavam até um dia desses. Correndo por fora, surge uma chapa formada majoritari­amente por torcedores de arquibanca­da, os que vinham lutando pela democracia que os pretensos donos do Vitória jamais quiseram. Se você é sócio há pelo menos 18 meses, poderá votar. Participe!

PIADA

“Se eu me reeleger para essa próxima eleição indireta, continuo presidente e ainda posso cumprir minha palavra (de implantar eleição direta)”. A afirmação é de Raimundo Viana, em entrevista à Metrópole, comprovand­o mais uma vez o que já se sabia. Ele acha que todo torcedor do Vitória é otário.

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vufirmo@gmail.com

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