Correio da Bahia

Noitada de rock

- LAURA FERNANDES

A roupa preta, o coturno nos pés, os nomes de banda estampados no peito. Megadeth, Iron Maiden, Slipknot e Sepultura dominaram as camisas pretas que estavam na plateia do Rock Concha ontem, quando o festival voltou a acontecer na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, após três anos longe de casa. “É sempre bom fazer um rock de camisa preta, porque quem tem camisa preta tem atitude, rapaziada!”, anunciou o cantor baiano Márcio Mello, ao abrir a programaçã­o do evento que reuniu 3 mil pessoas e contou com shows das bandas Sepultura e Titãs.

Como em todo show de rock que se preze, o “bate-cabeça” marcou presença entre os fãs que estavam à beira do palco que recebeu o Rock Concha pela primeira vez em 1898. “Tem poucas opções de shows de metal aqui, então a gente tem que se contentar com o pouco que tem. Temos que aproveitar, né?”, sorriu o publicitár­io Eddie Uzêda, 34 anos, que é fã do Sepultura e foi conferir o show do grupo de Belo Horizonte ao lado da namorada, a turismólog­a Rafaela Torres, 34.

Mas não só de camisas pretas se fez o festival que continua hoje com shows de BaianaSyst­em, Karol Conká e Efeito Manada, a partir das 17h. Ontem, no seu dia mais rock’n’roll, o Rock Concha reuniu um público de todas as idades e gostos. A estudante de Psicologia Nicole Ornellas, 22, por exemplo, revelou que seu gosto era bem eclético e que não conhecia muito as atrações, mas topou o convite da tia e do pai, que são fãs da banda paulista Titãs. Tão fãs que a tia de Nicole, a professora de Inglês Rosângela Nunes, 47, nem paga mais o ingresso para os shows.

“Sou amiga da produção, porque estudei com um deles em Londres. Na verdade, nem sabia que os Titãs vinham pra cá, até receber uma mensagem: ‘você quer quantos ingressos? Vai lá na próxima semana, né?’”, contou Rosângela, mostrando os ingressos com um largo sorriso no rosto. “Nunca perdi um show dos Titãs, muito menos na Concha. Sou fã desde os 17 anos. Tenho orgulho de dizer que fui da geração que toda semana estava aqui para ver show do Barão Vermelho, Legião Urbana, Cássia Eller...”, completou Rosângela sem esconder o entusiasmo.

Também acompanhad­o da família, o engenheiro Edgard Cerqueira, 54, foi ver de perto uma das bandas que mais gosta. “Curto os Titãs desde que me entendo por gente. A Bahia tem muito de rock e tudo começa com Raul Seixas. Ele nos ensinou a gostar de rock”, lembrou Edgard, que coincident­emente foi apoiado pelo vocalista dos Titãs, Branco Mello, que, ao subir no palco, agradeceu aos fãs citando o pioneiro do rock baiano. “Essa é uma noite muito especial pra gente, com esse público maravilhos­o que prova que a Bahia é muito roqueira e Raul Seixas já dizia isso”.

Última atração da noite, o Sepultura se apresentou com os Titãs e resumiu o encontro com entusiasmo. “Muito feliz em ter essa oportunida­de de trazer o show de 30 anos e fazer um show junto com os Titãs, trazendo uma galera misturada do rock”, comemorou o guitarrist­a Andres Kisser.

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A banda Titãs foi uma das atrações do festival Rock Concha
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Renato Nunes curtiu o show com a irmã, Rosângela, e a filha, Nicole

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