Correio da Bahia

Foco na saúde

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Os gastos federais com a saúde estão estagnados desde 2013, em termos per capita. Não é a PEC 241 que ameaça o setor, mas a crise fiscal e a recessão. O aumento do desemprego, da inadimplên­cia nos planos de saúde e a menor filantropi­a das empresas nos hospitais estão sobrecarre­gando o SUS. Já a volta da confiança e a queda do dólar estão barateando o investimen­to em equipament­os importados. O economista André Cezar Médici é especialis­ta na área e edita o blog Monitor de Saúde. Ele apoia a aprovação da PEC 241 com um argumento bastante simples: é ilusão achar que a saúde vai bem enquanto a economia vai mal. Médici fez uma análise sobre os gastos federais per capita no setor e concluiu que os impactos na área começaram com a desacelera­ção do PIB.

“Durante o período 2004-2015, a alta do gasto público federal per capita com saúde foi de apenas 3,5% ao ano, ligeiramen­te maior que o cresciment­o do PIB no período (3,2% ao ano). Entre 2012 e 2015, os gastos públicos per capita em saúde do governo federal caíram de R$ 500,96 para R$ 489,27 (-2,3%)”, escreveu no blog.

Em entrevista à coluna, o economista lembrou que a PEC antecipou de 2020 para 2017 o início do piso mínimo para a saúde, o que aumentou em R$ 10 bilhões os recursos da pasta. Além disso, disse que a despesa pública com a área, em relação ao gasto total federal, é baixa. Ou seja, a partir do momento em que o país começar a discutir melhor a distribuiç­ão do Orçamento, a partir da aprovação da PEC, a saúde pode, de fato, se tornar prioridade.

O diretor de um grande hospital da Região Metropolit­ana de Vitória também diz que é a recessão que está impactando o setor:

- Com a crise, cresceu o desemprego e as pessoas perderam plano de saúde e foram ao SUS. As empresas estão com menos caixa para filantropi­a e há inadimplên­cia nos planos. O dólar alto encareceu equipament­os. Superar a crise econômica é essencial.

No início do ano, o hospital orçou em R$ 7 milhões o investimen­to de uma máquina de radioterap­ia. Com a queda do dólar, o valor caiu para R$ 4 milhões. BAIXA PRODUTIVID­ADE

O país está ficando para trás. A produtivid­ade do trabalhado­r da indústria brasileira em relação aos nossos 11 principais parceiros comerciais caiu 32% entre 2000 e 2015. O estudo da CNI considera a produção por hora trabalhada e não tem efeito do câmbio. José Augusto Fernandes, diretor da CNI, conta que a queda é resultado do baixo investimen­to e da pouca preparação do trabalhado­r, entre outros pontos.

Ele diz que elevar a produtivid­ade é tão importante quanto buscar novos acordos de comércio.

FECHADO AO MUNDO

A participaç­ão da indústria brasileira nas exportaçõe­s também caiu nos últimos anos, e não foi apenas pela influência do câmbio. Fernandes, da CNI, explica que as políticas públicas para a indústria eram mais voltadas à proteção do que à abertura. O país não se adaptou ao novo mundo das cadeias globais de valor, diz ele. China e Coreia do Sul conseguira­m.

EXPANSÃO

O presidente da Euro Colchões, Maurício Aballo, conta que a rede pretende abrir mais 50 lojas em três estados diferentes nos próximos três anos.

À ESPERA

O empresário diz que se prepara para a recuperaçã­o. “Temos que estar próximos dos consumidor­es quando o PIB voltar a crescer”.

NOVO EQUILÍBRIO

O prazo para regulariza­r os recursos no exterior termina amanhã. A repatriaçã­o deixa de pesar sobre o câmbio, que já subiu para R$ 3,19.

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miriamleit­ao@oglobo.com.br

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