Robson e o novo ciclo do boxe baiano
A Bahia teve seu grande auge no boxe entre 1999 e 2004, quando Acelino ‘Popó’ Freitas destruiu praticamente todos os pugilistas que passaram pelo seu caminho.
No final da grande fase de Popó, Kelson Pinto, sparring do então campeão mundial, começou a cumprir toda a expectativa que se esperava a partir de sua carreira no amador. Chegou a disputar o cinturão da WBO contra Miguel Cotto, mas acabou nocauteado e, um tanto inexplicavelmente, caiu de produção. Em comum, Popó e Kelson não ficaram milionários com o esporte. Nosso eterno campeão leva uma vida boa e segura, mas longe - demais - da estarração de Floyd Mayweather Jr. ou Manny Pacquiao, guardadas as devidas proporções.
Popó foi um pioneiro, começando de baixo, nas lutas desestruturadas do Ginásio Antônio Balbino, onde faltava quase tudo, e subiu na vida pelos próprios punhos. No entanto, fez apenas uma luta em Las Vegas, meca do esporte (e da grana dele), exatamente sua mais importante, contra o cubano Joel Casamayor.
Amanhã, a Bahia entra num novo ciclo no boxe profissional. Medalha de ouro no Rio-2016, Robson Conceição estreia em situação completamente diferente dos outros dois. Assim como Popó e Kelson, é pupilo e fruto do trabalho de base incrível de Luiz Dórea, mas aparece com uma expectativa e uma experiência maior que seus antecessores.
A prova disso é que estreia em Las Vegas e numa preliminar de Manny Pacquiao. Já é contratado da Top Rank, uma das maiores promotoras do planeta. O rival, o americano Clay Burns, começou no MMA e migrou para o boxe, um caminho teoricamente inverso do normal. Possui 4 vitórias (todas por nocaute), 2 derrotas (decisão) e 2 empates. Na luta pelos superpenas (mesma categoria de Popó), Robson é favorito disparado nas casas de aposta. As mudanças polêmicas no boxe amador nos últimos anos também favorecem o pugilista baiano, já que facilitam a transição. Na época de Popó e Kelson como amadores, lutava-se com luvas mais grossas e com capacete, além da pontuação ser diferente.
Pelo que conheço de Robson e pelo que mostrou no Rio-2016, não só tecnicamente como mentalmente, ele está seguramente pronto para esse novo passo na carreira. Enfrentou dificuldades, colheu os frutos de seu esforço como atleta olímpico e teve seus dias de herói, com os esperados aproveitadores se aproximando.
Nesse tempo todo, manteve-se consciente do que o rodeava, não se perdeu no estrelismo e teve maturidade para tomar suas decisões e manter sua concentração no que importa. Que sua nova fase seja tão vitoriosa como sua carreira foi até aqui.
Assim como Popó e Kélson, é pupilo e fruto do trabalho
de base incrível de Luiz Dórea, mas aparece com uma expectativa e uma experiência maior que seus
antecessores
NAS ÁGUAS
Se o novo ciclo do boxe profissional já tem data pra começar, o da natação aparece no horizonte com a transferência da piscina olímpica utilizada no Rio-2016 para Salvador. Quando ela estiver, efetivamente, pronta, teremos duas piscinas de ponta na cidade.
Mas isso não basta. A estrutura é importante - diria, fundamental -, mas é preciso também investimento em atletas e equipe técnica e que a população possa ocupar esse espaço. Os atletas surgem a partir do lazer. Nenhum talento é descoberto se não houver oportunidade para isso.
JUDÔ
Boa oportunidade para quem quer conhecer o judô de perto é o Campeonato Brasileiro de Veteranos e Kata que acontece amanhã, às 9h30, e domingo, às 9h, no Shopping Paralela.