Hotéis na região esvaziam e reduzem custos
INVIÁVEL
Mas Rui disse que é inviável manter o Centro de Convenções no Stiep. “É o lugar da maior salinidade de Salvador. Se queremos concorrer com eventos, temos que pensar não só no custo do equipamento, mas no custo de manutenção”. Em defesa do Parque de Exposições, ele ressalta que o espaço já pertence ao estado, fica próximo de hotéis em Lauro de Freitas, Itapuã, Stella Maris e Paralela, próximo ao aeroporto e, em breve, defronte a uma estação de metrô.
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), considera que o Parque de Exposições pode ser uma alternativa. “Queremos ver um projeto consistente, com começo, meio e fim. Não apenas um desejo expressado por meio de palavras. Perdeu-se tempo e dinheiro com estrutura que desabou. Renovo a intenção da prefeitura de colaborar no que for preciso para a construção do Centro de Convenções, à altura do que Salvador merece”, disse.
Parte da fachada do Centro de Convenções de Salvador desabou em setembro e deixou duas pessoas feridas. O equipamento estava interditado desde maio de 2015, com inauguração prevista para outubro. O governo já confirmou que o equipamento será demolido numa operação de desmonte. Enquanto não há uma decisão concreta sobre o futuro do Centro de Convenções (CCB), os hotéis localizados no entorno do equipamento continuam amargurando quedas na ocupação e reduzindo despesas, sobretudo com pessoal. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-BA), desde 2013, quando o CCB sediou seu último congresso antes de ser interditado, 12 hotéis da capital fecharam as portas, e cerca de 20 mil postos de trabalho na cadeia do turismo foram perdidos. Ainda de acordo com a entidade, a transferência do Centro de Convenções do bairro de Armação para outra região da cidade pode acarretar o fechamento de dez mil leitos.
“Muita coisa aqui no entorno foi construída em prol do Centro de Convenções. O foco do próprio hotel é o turismo de negócios. Está todo mundo parado e ansioso para que essa situação se defina logo”, afirmou o gerente operacional do Hotel São Salvador, David Mascarenhas. Com ocupação média, atualmente, em torno de 42%, o hotel com capacidade para hospedar 700 pessoas está com apenas 190 dos leitos ocupados. “Está tudo vazio. Estamos economizando de todos os lados, reduzindo o consumo de energia e renegociando contratos e preços com fornecedores. Nós também tivemos que reduzir o quadro de funcionários em 25%. Desde que o Centro de Convenções fechou, fizemos, pelo menos, dois cortes de pessoal”, acrescentou.
Outro hotel que também tem se virado para gerar receita é o Salvador Mar, localizado na esquina do Centro de Convenções. “A gente reconhece que a prefeitura tem requalificado a cidade e consolidado o Réveillon para a alta temporada, mas não temos como viver só de Verão. Precisamos de um Centro de Convenções para que o turismo de eventos possa movimentar Salvador nos outros meses”, pontuou a diretora do hotel, Lígia Uchôa. “Trouxemos investimentos e ficamos de pé na crise esperando a requalificação e não o desmonte do equipamento.”
Com a transferência do XVII Congresso Internacional de Odontologia da Bahia (Cioba) para a Arena Fonte Nova, o hotel perdeu 75% da expectativa de ocupação. O evento que acontece em Salvador até domingo iria marcar a entrega do Centro de Convenções após dois anos de reforma, se parte do equipamento não tivesse desabado no dia 24 de setembro. “Tivemos que devolver muitas reservas. Todo esse polo econômico vai quebrar se o Centro de Convenções sair daqui”, disse Lígia.
Faz um bom tempo também que o recepcionista do Hotel Oceânico Edvaldo Lima, que fica bem de frente à orla de Armação, não tem visto mais o hotel 100% lotado. “Em época de congresso não tinha quarto livre neste hotel. Depois que fechou o Centro de Convenções, a nossa ocupação caiu em torno de 70%. Hoje há apenas três hóspedes”, lamentou. Com 57 apartamentos, 38 deles que não estão sendo utilizados irão ser fechados esta semana. “Vamos fazer uma reforma pensando na alta temporada para ver se a gente consegue levantar o hotel.”